Marília

Polícia para quem precisa de polícia

Coluna de hoje estava pronta logo pela manhã inspirada em algumas barbaridades nacionais. Mas eis que aparecem as novidades municipais e arrastam a mim e à tal da coluninha de volta para casa. E nem são barbaridades. São duas ações judiciais para ter mais PM na cidade. Um tipo de ação diferente, pra ninguém reclamar. É ação para a senhora, o senhor, os filhos, a PM, a Polícia Civil, qualquer um gostar.

Ações contra quem? Diretamente, na prática, contra pessoa física, ninguém. Não há um fulano que possa olhar para as ações e falar, “mas que droga isso aqui”. As ações são lindas, quase poéticas. Colocam no papel o que os planos de orçamento e programas de segurança deveriam colocar. Alguém – nem Shiva sabe quem – esqueceu, deixou de colocar. Vai ver nosso fulano olhou para o mapa de investimentos e achou que era uma questão menor ter policiais.

Isso mesmo. Temos uma cidade, temos moradores, temos prédio do batalhão. E cadê os policiais? Esqueceram, vai lá o velho e querido Ministério Público e alerta: existem parâmetros mínimos de segurança, o ideal é ter um PM para cada grupo de 250 habitantes.

Como a PM não divulga números, nem Buda sabe quantos policiais estão neste momento na rua para fazer a sua proteção. O que todos sabem – e agora está expresso até em sentenças – é que faltam PMs. Faltam policiais nas rondas, no patrulhamento, no cuidado do trânsito.

Ah, mas Marília é uma cidade tranquila. Sim e esse é um dos motivos para atrair, manter e recuperar gente que já saiu e voltou. Pode e precisa ser mais tranquila. Basta perguntar a qualquer cidadão que chegou em casa, encontrou a porta arrombada, móveis revirados e percebeu que perdeu patrimônio, história, sensação mínima de segurança. Uma ronda ajudaria, uns policiais a mais, entende?

E não é só porque o número é pequeno. É porque há mais problemas. O número de pessoas cresceu, número de carros cresceu, o número de bairros para serem protegidos cresceu, de pessoas envolvidas com drogas e a necessidade de compra-las.

E isso sem falar que o Estado esparramou pela região presídios. E que a cada data especial saem dos presídios beneficiários de licença muitas vezes pressionados a cometer crimes para ajudar facções que o Estado finge nem existirem. Algum fulano não acredita nas facções. Você acredita leitor(a)?

Policiais a mais ajudariam. Com viaturas, treinamento, atuação comunitária, envolvimento nos bairros e identificação com os moradores. Policial é sempre bom. Quem não gosta de PM é bandido, ensinaria um ditado popular.

Particularmente acho que um ou outro cidadão agredido injustamente, vítima de truculência ou de mal atendimento após um crime pode também não gostar muito da polícia. Mas estes são possíveis recuperar, atrair, fazer gostar.

Como? Bota PM na rua para prender os bandidos sem abusar da violência e ajudar os cidadãos de bem de forma abusadamente dedicada, como a gritante maioria – quase 100% mesmo – da corporação faz todo dia quando sai de casa para trabalhar. Eles só precisam ser um número maior de dedicados PMs. A Justiça mandou. Algum fulano no Estado para obedecer?