Dezenas de pessoas participaram na noite de sexta-feira (10) de um beijaço contra a homofobia na área comercial da Quadra 307 Sul, no bairro Asa Sul no Plano Piloto de Brasília. O ato, organizado pela internet, reuniu manifestantes do movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) e casais heterossexuais que protestaram com cartazes pedindo paz e palavras de ordem contra a homofobia, o racismo e o machismo após a agressão de quatro jovens homossexuais que foram espancados em um bar na 307 Sul na noite da última terça-feira (7).
O beijaço ocorreu no mesmo local das agressões. “Não é só por isso [a violência contra os jovens no bar], mas por tudo que vem acontecendo. O que aconteceu com eles uniu a militância para agir em conjunto para que haja conscientização contra a violência”, disse David Santos, um dos organizadores do ato. Maria Eneida da Rocha, mãe de um dos jovens agredidos, esteve presente. “Eu, como mãe, sinto-me impotente por saber que meu filho sofreu lesões, maus-tratos. Isso é inaceitável e estou revoltada.”.
De forma pacífica, os manifestantes fecharam a rua em frente ao bar para fazer o beijaço. Eles também vestiram sacos pretos e deitaram na pista para representar homossexuais mortos em casos de homofobia. Os organizadores gritaram o nome das vítimas de diversos casos enquanto os manifestantes respondiam “presente”. Para os organizadores, é preciso que a homofobia seja reconhecida e criminalizada. “O fato de toda vez que acontece um caso típico de homofobia e as autoridades mascararem isso como crime passional, briga de bar ou como injuria, não faz jus a quem está sofrendo a agressão”.
Os manifestantes alegam que o local foi omisso e conivente com a violência. O bar se manifestou em nota oficial. O texto diz que o local rejeita “qualquer tipo de agressão física, moral e psicológica, principalmente as de motivações discriminatórias, como a homofobia e o racismo”. A assessoria do estabelecimento alega que os funcionários do bar tentaram parar a briga, auxiliaram as pessoas que estavam feridas e chamaram a polícia. Os proprietários entregaram as imagens das câmeras do local para as autoridades policiais.
Durante o protesto, clientes do bar acompanharam o ato. O empresário Jefferson Santos disse ter sido pego de surpresa e sentiu-se incomodado com a manifestação. “Sou contra a violência e a agressão não se justifica, mas a gente tem que refletir sobre o que gerou essa violência. Eles também precisam respeitar os outros”. Em outra mesa, a servidora pública Sandra Lima acha a manifestação válida, mas acredita que o beijaço pode ser visto como uma provocação. “Mas é preciso, sim, coibir os agressores”.
Na noite de terça-feira, quatro jovens homossexuais (três homens e uma mulher) foram agredidos por seis pessoas no bar onde hoje ocorreu o beijaço. Em ocorrência registrada na 1ª Delegacia de Polícia, as vítimas afirmaram que os seis agressores vinham fazendo provocações contra a orientação sexual dos jovens antes da confusão ter início. As vítimas foram atingidas por garrafadas, com socos e com chutes.
A assessoria da Polícia Civil informou que os agressores foram identificados e que as investigações continuam para averiguar as circunstâncias da briga e a motivação.