Marília

Esqueletos nas ruas

As poucas informações que chegam indicam que a cidade vai poder começar a usar o Ginásio de Esportes da avenida  Santo Antonio, hoje integrado a uma escola municipal. É uma notícia boa, o aproveitamento de um espaço perdido e, finalmente, a possibilidade que a cidade ocupe um espaço nobre após quase 40 anos de nada além de desperdício do bo0m e velho dinheiro público.

A cidade que vai começar a usar o ginásio é a mesma que já deixou enterrada uma fortuna naquele espaço. A obra começou no final da década de 70, é coisa do tempo da ditadura, e arrastou-se anos a fio na falta de investimentos federais ou estaduais. Durante muitos anos o Ginásio foi, para muita gente apena sum esqueleto de concreto largado em uma grande avenida.

Como nem cerca tinha direito, era um esqueleto exposto na cara da cidade, uma ofensa ao cidadão.

O esqueleto virou prédio quando algum gênio descobrir que estava chegando mais verba para a Educação, com a municipalização do ensino. Foi fácil: incorporar o ginásio a uma escola e jogar na obra velha e abandonada o dinheiro que deveria bancar qualidade de ensino.

Alguma escola em algum lugar precisa de Ginásio com 7.000 lugares para poder garantir a qualidade? Ainda mais em uma cidade onde a merenda no mesmo período aparecia como arroz e salsicha ou arroz e vinagrete? Foi uma idiotice e a educação da cidade pagou por isso.

Enfim, foi uma idiotice que está paga, com o seu dinheiro também. E depois da fortuna gasta na obra abandonada, da fortuna desviada dos melhores projetos educacionais, o Ginásio estava lá, sem uso pela gritante maioria da cidade. Ele já é um símbolo de desperdício e a cada final de semana, a cada noite fechada esse desperdício cresce. Nada melhor que parar a sangria.

O ginásio pode abrigar eventos particulares e com certeza haverá interpretações para que ele abrigue campeonatos, grandes eventos de esporte amador ou profissional, grandes shows. A cidade em diferentes segmentos vai poder, finalmente, entrar no Ginásio que vem pagando há 40 anos.

Agora falta a cidade limpar os esqueletos que sobram. Eles estão por asco símbolos de dinheiro enterrado e perdido, mas podem virar benefícios. Caso clássico da Via Expressa do Pombo0, que liga nada a lugar nenhum mas que pode abrigar cultura, skate, esportes diversos, patins, arborização, enfim, um parque “linear” de primeiro mundo, entre outras ocupações.

Há mais. Há o terreno do antigo IBC (Instituo Brasileiro do Café), há prédios abandonados, há espaços ao lado da ferrovia, grandes avenidas nos bairros. A cidade tem bons avanços, o caso do ginásio caminha para ser um deles, e isso não combina com os esqueletos expostos.