Marília

Campanha arrecada alimentos para atender renais crônicos

Campanha arrecada alimentos para atender renais crônicos

Uma campanha da Santa Casa de Marília vai arrecadar alimentos para ajudar um projeto de atendimento social que há 31 anos alivia dificuldades de pacientes crônicos renais na cidade: a Amar (Associação Mariliense de Apoio e Assistência ao Renal Crônico). Responsável por pelo menos cem atendimentos diários, a Amar colabora especialmente com a alimentação dos pacientes, que é rigorosamente equilibrada para compensar a deficiência de atividade renal, responsável por filtrar e manter equilíbrio do corpo.

Pacientes com deficiência renal não eliminam de forma correta toxinas e excesso de substâncias consumidas em alimentos, como a água ou diferentes sais, que em pessoas com funcionamento normal do rim são eliminadas pela urina. 

A associação oferece refeições, espaço para descanso, sala de TV e cuidados básicos para acompanhar os pacientes renais em tratamento, especialmente hemodiálise, que é uma espécie de filtragem do sangue realizada por equipamentos. A campanha de arrecadação vai ajudar a sustentar este atendimento.

Boa parte dos pacientes vem de cidades vizinhas. Eles chegam cedo para usar a máquina, passam horas no tratamento e usam a casa para descansar ou alimentar-se. O almoço começa a ser servido cedo, por volta das 10h. A Amar oferece estrutura com sala de TV e varanda para descanso. Duas servidoras cedidas pela prefeitura cuidam da refeição –  a cozinheira Cláudia Aparecida Gonçalves, 47, e a serviços gerais Elza Rose Cardoso, 58.

Quando fizeram o concurso público, a expectativa das duas era trabalhar em escolas. Elza até trabalhou por um tempo, mas confessa que não sente falta do antiga trabalho. “É muito bom trabalhar aqui. É calmo, sem correria, ajudando pessoas que precisam demais do nosso trabalho. Além disso, temos a confiança da chefia e ajudamos em tudo que podemos.”

Cláudia conta que, quando prestou concurso, achou que trabalharia em uma cozinha industrial, sem contato direto com o público. Na associação, ela consegue ver a satisfação no rosto de cada pessoa servida. “Tive a sorte de ‘cair’ aqui. Quando soube que viria para cá e conheci o trabalho que Amar faz, fiquei muito feliz”, afirma.

TRADIÇÃO

A entidade funciona a 200 metros da Santa Casa. Segundo a atual presidente da associação, a enfermeira Geni dos Santos Teles Silva, 48, a casa foi fundada em maio de 1982, pelo bancário aposentado Edmir de Castro Souza, ex-paciente transplantado que morava na cidade de Lucélia.

“A Amar é bem sucedida porque sempre teve o envolvimento de todos, inclusive dos pacientes e seus familiares. Hoje estamos instalados em uma casa alugada pela Prefeitura, contamos com os dois funcionários cedidos pelo município,  temos um auxílio muito importante do IRM (Instituto do Rim de Marília) e parceria forte com clubes de serviço. No ano passado recebemos uma caminhonete do Pró-Vida. Como temos motoristas profissionais voluntários, entre os próprios familiares de pacientes, podemos fazer visitas, buscar doações em domicílio e levar auxílio para pacientes assistidos. Mas acho que nosso maior patrimônio é o reconhecimento social. Isso é fundamental para nós”, afirma a enfermeira.

ATENDIMENTO

Em setembro, a aposentada Evani Aquino dos Santos Silva, 62 anos, recebeu um novo rim. Ela mora em Bastos (100 km de Marília) e na volta ao hospital para consulta de retorno, caminha ao lado do marido os dois quarteirões que separam a Santa Casa da sede da Amar. Frequentou a casa muitas vezes nos dez anos de tratamento, incluindo os 30 meses de hemodiálise.

“Não foi fácil, mas se não fosse a Amar na nossa vida tudo teria sido ainda mais difícil. Só tenho a agradecer pelo trabalho maravilhoso que é feito nessa casa”, afirma a aposentada. O marido, o motorista João dos Santos Silva, 56 anos, frisa que além da atenção e acolhimento dos voluntários, a Amar tem como diferencial a higiene, fundamental para minimizar riscos de infecção e rejeições de rim nos pacientes.

Parceira de Evani nas conversas, Tereza Alves da Silva Souza, 66, moradora em Paulicéia (235 km de Marília) também já conseguiu transplante, está em recuperação e não deixa de frequentar a casa e usufruir do espaço para descanso, alimentação e carinho.

O Sesmt (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) da Santa Casa virou posto de coleta. Os principais itens necessários são arroz, feijão, óleo, macarrão, extrato de tomate, sal, copos descartáveis e detergente. “A associação faz um trabalho maravilhoso, que precisa de todo apoio possível. Queremos convidar a população a também colaborar”, afirmou a fisioterapeuta Maria Izabel Travitzky.

Mais informações sobre a Amar podem ser obtidas pelo site www.amarmarilia.blogspot.com.br A associação atende pelos telefones (14) 3432-1200 ou (14) 3433-7299.