Um grupo com pouco mais de 3.600 pessoas começou a formar na internet um acervo raro da história e da vida privada de Marília. Todos os dias, fotos, informações, datas e nomes de moradores das diferentes fases históricas da cidade são revelados em conversas e publicações.
Com elas, ganham luz crenas de casamento, sessões de cinema, fachadas e movimento em diferentes perfis de empresas, clubes e até times de futebol da várzea. As lembranças pessoais de cada integrante passam a construir uma história de todos. Cada foto rende comentários, perguntas, lembranças sobre datas, locais, épocas e situações.
Estão lá as fotos mais tradicionais, com vistas gerais de prédios, ruas, igrejas e autoridades. Ainda assim, algumas são raras, como foto do então presidente João Goulart na cidade. É uma página para ler com paciência, tempo e vontade. Melhor: para voltar várias vezes, ver aos poucos e aproveitar cada novidade. O leitor vai encontrar pessoas, vidas e costumes diversos.
Sem qualquer pretensão, o grupo já começou a provocar avanços, como abastecer a Comissão de Registros Históricos da Câmara, e provocar o reencontro de amigos após anos sem contato.
O grupo não tem restrições, a não ser casos de registros falsos, ofensas ou correntes da internet. As informações são postadas em página no Facebook (https://www.facebook.com/groups/memoriademarilia/?fref=ts). Para fazer parte do grupo basta solicitar autorização de acesso.
A iniciativa para criação do grupo foi da bibliotecária Wilza Aurora Novaes Mattos, que responde pela Biblioteca da Câmara, trabalha com a comissão de registros históricos mas muito antes de tudo isso já era uma apaixonada pela história da cidade e seus moradores.
Wilza Matos começou a colecionar dados, imagens e informações ainda criança pelas mãos do avô paterno, José da Silva Matos, que sempre teve um acervo muito rico de fotografias e publicações como uma coleção de Revistas Correio de Marilia. Ele manteve ate um diário sobre Marília.
“Adolescente, comecei a fotografar a cidade, as feiras livres, as ruas que ainda eram de pedras e sempre tive muito interesse em fazer diversos cursos de fotografia, no Senac ou promovidos por marcas como Kodak ou Fujifilme. Quando vim trabalhar aqui na Câmara fiquei surpresa de ver este acervo tão rico.”
REFERÊNCIAS
Uma das dificuldades na Comissão Oficial de Registros sempre foi identificar nomes nas fotos doadas. O grupo da Memória de Marília tem ajudado neste trabalho. “Sempre estamos descobrindo moradores que já foram embora daqui há muito tempo e este grupo vem promovendo grandes reencontros, também e muito importante termos a espontânea participação de todos, enriquece muito a historia pois o facebook não tem classe social, cor , partido político ou outro fator que eventualmente possa discriminar.”
As datas também são um grande auxilio para os registros oficiais. No caminho contrário, as ações da Comissão repercutem no grupo, provocam debates e estimulam surgimento de informações. “É uma via de mão dupla. A Comissão tem o acervo e pode ampliar através dos acervos particulares que são postados no grupo.”
O material fornecido pelo grupo já serviu, por exemplo, para que a Escola Monsenhor Bicudo reunisse fotos suficientes para montar um vídeo sobre a historia da escola. Depois do reencontro, as fotos que os ex-alunos levaram também foram postadas, ampliando o acervo da Escola.
Algumas publicações afrontam a política do grupo e oferecem publicidade ou informações que pouco ou nada tem com a história. São minoria na relação de imagens que surpreendem e emocionam. Viagem no tempo já existe e está na internet para quem quiser ver.