Marília

Movimento Sem Teto chega a Marília e prevê ocupações em 2015

Movimento Sem Teto chega a Marília e prevê ocupações em 2015

O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) entrou em fase final de instalação de uma coordenação regional em Marília e já tem pelo menos 800 moradores cadastrados para ações públicas em defesa de moradia para baixa renda e desfavelamento. Segundo o movimento, a cidade tem déficit aproximado de 30 mil moradias e raros programas voltados para as famílias realmente pobres.

Um comunicado da regional, divulgado em novembro, agradece pelo apoio e rápida mobilização social mas convoca os trabalhadores a ir para as ruas. Um dos coordenadores, o servidor público municipal Lúcio Coelho de Araújo, 51, explica: ir para as ruas é ocupar grandes áreas ociosas que sejam do poder público ou da iniciativa privada sem investimentos de ocupação.

Lúcio Araújo diz que a questão habitacional “está uma vergonha em Marília” e que a coordenação regional busca apoio dos comandos no Estado e no país para envolver e mobilizar famílias sem casa, moradoras de favela. O coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, esteve na cidade e participou de encontro com lideranças e militantes da regional.

Segundo Araújo, os projetos habitacionais voltados para desfavelamento e sem teto muito pobres são insignificantes frente ao problema. “Na verdade o que se faz até agora é minidesfavelamento. Tirou pequenas favelas onde havia até ação de despejo, de risco de vida. As grandes favelas, a Vila Barros, a favela do Argollo Ferrão, só crescem. A cidade tem pelo menos 27 favelas ainda”, disse.

Para o MTST, faltam na cidade empreendimentos de linha realmente popular, loteamentos populares e suporte para ocupação adequada destes lotes. “Não adianta dar o lote e jogar a família lá sem financiamento, sem condições de construir nada.”

O movimento reconhece que o conjunto de 816 apartamentos a ser lançado na zona sul atende baixa renda, mas diz que o número é pequeno e que a cidade mantém grandes áreas ociosas ou em especulação imobiliária, inclusive no centro. E quando faz habitações, joga as trabalhadores na periferia, sem acesso a benefícios. 

“Tem isso também. Mesmo empreendimentos como o Marina Moretti (494 casas na zona norte) são entregues na periferia, longe de onde possam afetar a valorização, a especulação, sem hospital, sem escola, sem transporte, sem serviços.”

Lúcio Araújo diz guardar um panfleto de campanha com promessa de construção de 6.000 casas entre 2013 e 2016. Foram entregues as 494 do Marina Moretti,  um conjunto de 56 no Jardim Universitário e está prevista a construção dos 816 apartamentos na zona sul. E diz que nenhum destes é iniciativa da administração. “Um veio do mandato passado, outro do governo do Estado ou federal, nenhum é iniciativa atual.” 

O Movimento não pretende entregar à prefeitura relação de áreas para ocupação ou discutir projeto de habitação. “O poder público sabe suas obrigações, não precisamos ir lá dizer. O município conhece as áreas disponíveis, conhece o problema. Vamos às ruas para que o poder público cumpra sua função.”