Marília

Final de ano agrava desafios em abrigos para animais; é hora dos voluntários

Final de ano agrava desafios em abrigos para animais; é hora dos voluntários

ONGs de atendimento a animais e abrigos de cães e gatos começam a montar roteiros especiais de trabalho para enfrentar aumento de serviços e redução de suporte nos próximos dias. Fim de ano, férias e viagens tradicionalmente provocam redução de doações, de adoções, menos recursos e menos candidatos a voluntários. E o mais graves: o risco de abandono de animais também aumenta.

Famílias que vão viajar, famílias que recebem muitos visitantes, casos de fuga de animais assustados por fogos tendem a aumentar. Pessoas que decidem se livrar de animais e despejam caixas com filhotes ou animais doentes também são posturas comuns.

A saída para tudo isso está na fórmula de sempre: trabalho voluntário. “Felizmente formamos uma rede de apoio, temos voluntários para todos os dias, suporte de vizinhos. Mas sempre é uma fase mais difícil”, explica Fernanda Costa, advogada e presidente da ONG Adote Animais Viralatas.

A ONG mantém um abrigo que tinha hoje pela manhã 50 cães e 14 gatos. Os números mudam quase todo dia em função de abandonos e adoções. Ontem mesmo foram duas pela manhã. Achar o abrigo é quase um desafio.

A divulgação do endereço ajuda pessoas que decidem abandonar animais na porta. Às vezes eles são jogados por cima do alambrado, sofrem ferimentos e ataques até a chegada dos voluntários.

“Todo cachorro que entra aqui passa por uma avaliação, adaptação, cuidados”, explica Fernanda. Mas a entrada sempre é situação de risco. A novidade da semana no abrigo são filhotes de cães e gatos abandonados em um lixão e ao lado do espaço da feira livre. Esses animais exigem cuidados, espaços e acompanhamento único.

TRABALHO

A ONG paga aluguel do abrigo e oferece um espaço que não é bonito, mas é um paraíso para muitos dos cães: liberdade, terra, comida, água, remédios e carinho. Quatro baias oferecem abrigo para dormir e posicionar ração e água. Também servem para separa animais mais brigões – “sempre os machos” – e mais tímidos.

A chácara usada pela ONG tem uma casa que estava sem uso. Ela é agora depósito e  espaço de quarentena e abrigo. Os 14 gatos, todos pequenos,  também estão por lá: o gatil ainda está em implantação.

Embora encaminhar seja o foco maior do abrigo, não é tão simples ficar com o cachorro. É preciso assinar um termo de responsabilidade, que serve também como uma cartilha de orientação.

“Os futuros donos precisam ser lembrados que o cachorro vai fazer cocô, vai latir, vai precisar comer, beber, fica doente, vai estar lá quando ele programa viagem”, explica. Muitos candidatos são descartados ou desistem.

VOLUNTÁRIOS

Os abrigos também precisam organizar diferentes processos, como armazenar remédios, aplicar os remédios, montar mix de rações – recebem marcas de alto nível e algumas piores, se dão de forma isolada muita ração é perdida – e manter agenda de voluntários.

Ontem foi dia de Adrielli Patrícia, 23, voluntária que diz trabalhar por amo. Ela conheceu a OGN quando foi procurar um cão perdido. Teve ajuda e gostou do trabalho.  Começou a ajudar o projeto. E a levar animais para casa. Hoje tem seis gatos.

“Peguei na rua, na ONG, alguns eu dei lar temporário mas não deixei ir embora. Todos eu castro. Peguei uma gata paraplégica que apareceu na ONG. Cada vez que carrega um para casa a mãe gosta, o irmão gosta, aí fica, envolve a família.”

A esteticista Vanessa Rodrigues, 34, esteve no abrigo e adotou uma cadela filhote. Não é a primeira vez que adota. “Já conhecia o trabalho da ONG, então vim fazer uma boa ação. Já tenho dois cachorros adotados.”