O paulista Gabriel Medina, 20 anos, tornou-se o primeiro brasileiro a conquistar o título de campeão mundial de surfe profissional. Após vencer o havaiano Dustin Payne e avançar para as quartas de final da décima primeira e última etapa do circuito, disputada nas ondas de Pipeline, no Havaí, Medina viu seu conterrâneo Alejo Muniz vencer o australiano Mick Fanning, 33 anos, segundo colocado no ranking, o que lhe garantiu o título da temporada.
Já de posse do título mundial, Medina ainda chegou à final do Billabong Pipe Master, mas foi derrotado pelo australiano Julian Wilson, terminando a etapa em segundo lugar.
Acompanhado pela internet por milhares de pessoas, o campeonato mobilizou Maresias, praia de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, onde Medina mora e aprendeu a surfar. “O clima aqui é de uma final de Copa do Mundo”, disse à Agência Brasil o bacharel em direito e surfista, Marcos Antônio Ferreira Tenório Júnior. Com um grupo de amigos moradores de São Sebastião, todos praticantes de surfe, Júnior viabilizou a instalação de um telão para exibir o evento para quem não tem acesso à internet.
“Muitos jovens pobres de São Sebastião surfam, e o sonho de muitos é virar surfista profissional. Isso já acontecia antes, mas agora, com o sucesso do Medina, do Miguel Pupo e do Filipe Toledo, ficou ainda maior. A praia, hoje, parou.”
A conquista de Medina coincide com os 80 anos da prática do surfe no país, quando o primeiro brasileiro se equilibrou sobre uma pesada prancha de madeira e deslizou sobre uma onda na praia de Santos (SP), em 1934. Desde que o esporte das ondas se profissionalizou, no final da década de 1970, vários brasileiros conquistaram títulos mundiais na divisão de acesso à elite do surfe e em outras categorias (amador e júniores) e modalidades – longboard (praticada com pranchas maiores), ondas gigantes e stand up paddle (SUP). Mas o melhor resultado alcançado até agora por um brasileiro no ranking final da categoria mais disputada foi o terceiro lugar do cabofriense Victor Ribas, em 1999.