Todo mundo sabe que as grandes datas do ano carregam apelo emocional de fundo comercial. Todo mundo sabe que o Dia das Mães, dos Pais ou das Crianças são celebrados como “segundo Natal” em diferentes segmentos da economia. Gasta-se muito para vender a ideia emocional que leva ao consumo.

Não deixa de ser importante que seja assim.  O giro da economia faz rodar a vida para outros setores. É hora de os comerciários conseguirem renda extra que o permite satisfazer necessidade e abastecer outros setores, do lojista ter a renda extra que financia investimentos, consumo e outras possibilidades. O dinheiro anda, a arrecadação anda, a vida anda.

Também é significativo ver que a cada data comercial crescem os adeptos e a divulgação de ideias para consumo responsável, sustentável. Ganham divulgação as listas de empresas ecológica e socialmente responsáveis, assim como os casos de grandes ou pequenas marcas que exploram pessoas, animais e ecossistemas.

Quem quer ver ou se preocupa com isso ganha cada vez mais opções.

E por aí caminha o segredo, ou melhor, a fórmula mais próxima do ideal para tratar as datas especiais: viver as emoções, estimular a convivência, desenvolver o coletivo e aprender a cada passo a viver melhor com os outros e com o mundo.

A cada grande data de apelo emotivo/comercial surge um novo espaço para aprender a desenvolver o mundo com mais qualidade de vida que é, ou deveria ser, o objetivo final.

Fazer felizes todos os dias, para todos.

O Natal envolve emoções especiais, diferentes. Primeiro pelo aspecto religioso e pouca gente neste momento vai imaginar que para hindus, islâmicos, hebreus, budistas, xintoístas ou ateus o aniversário de Cristo não é assim tão especial.

Todos eles, que não creem em Jesus como o Messias ou Filho de Deus são também donos do mundo, estão aí produzindo, consumindo e precisando viver com os mesmos recursos e espaços físicos que o mundo Cristão. Quantos cristãos estão dispostos a fazer grandes festas, ter suporte de entidades e órgãos públicos para a celebração do Ramadã, uma das principais celebrações muçulmanas?

Mas o Natal envolve, por força da tradição, um impacto cultural que acaba envolvendo famílias em grandes celebrações sem nenhum aspecto religioso. Virou tradição celebrar o Natal, mesmo sem o aspecto que criou a festa. E todos em busca de um feliz Natal.

O dilema ao final é organizar de forma comum o que seria felicidade para todos, todos os dias.

A felicidade para frigoríficos, granjas, restaurantes, supermercados em geral não é a mesma para grupos veganos, de proteção animal, por exemplo.

Assim como a felicidade tem diferentes conotações com explosão de vendas e produção na indústria, crescimento da importação dos “tigres asiáticos” e entidades de preservação ambiental ou direitos humanos.

Desejar dias felizes sempre exige buscar os caminhos para que todos os setores pudessem ser felizes juntos. O que continua um sonho distante e em muitos sentidos impossível, já que muitas vezes a conquista de um anula a ideia de felicidade completa para o outro.

É um desafio que já dura cinco mil anos de existência das comunidades humanas e que vai levar mais muitos deles para ser superado – se é que um dia o será. É um desafio para esta e muitas outras gerações.

A cada data surgem pelo menos três respostas ao desafio.

A mais “nobre” seria a ideia de cada um fazer sua parte em busca da felicidade comum.

Mas é prática comum também cada um fazer um esforço para convencer os outros de que o seu modelo de felicidade é o melhor.

Sobra ainda a ideia de cada um por si e que seja feliz quem conseguir.

E você, como responderia a um desafio de fazer todo dia feliz?