Marília

Buracos, o lado democrático da cidade

Há um sinal público de democracia em Marília: os buracos. Eles estão por toda parte. Atingem ricos e pobres com a mesma intensidade. Amigos e inimigos da administração estão cercados. Não se pode circular sem trombar com eles.

A ideia geral é que buracos estivessem na pauta da cidade como problemas pontuais a serem resolvidos. Não deu. Uma alternativa é colocar de outra forma: na educação, ensinando nossas crianças desde cedo a conviver com os buracos na rua de casa ou no complexo de trânsito, ensinando motoristas a desviar.

Os buracos podem entrar até na comunicação oficial do Daem: “A gente leva a água até sua casa e sua rua ganha um buraco.” Ou então: economize água, a não ser que um buraco na frente da sua casa vire uma grande poça jogando barro no portão, paredes, carro, plantas. Aí tudo bem, pode gastar lavando a área todo dia.

Isso sem falar nos buracos como das ruas Pernambuco, Arapongas ou Helena Sampaio Vidal, onde diferentes buracos ficam tão fundos que são marcados com varas, pedaços de madeira. Ah se a família Sampaio Vidal soubesse que iria ter seu nome em uma parada dessas….

Os buracos são um lado vergonhoso da gestão, que faz coisas boas, mostra boas intenções e projetos ousados. A administração ameaça quebrar tabus, revolucionar o trânsito, espalhar poços de abastecimento de água. Mas os buracos e a certeza de que eles são um sinal de abandono, de ruas há meses sem a passagem de uma equipe de manutenção são um sinal triste de descaso.

Pelo crescimento que anuncia, pela evolução que projeta, pelo amor próprio e sonho de ser grande, a cidade merecia ter desafios e problemas maiores, mais dignos de uma cidade em grande evolução, do que dizer que todos os bairros sofrem com ruas esburacadas.