Foram convidadas quase 44 mil pessoas, 7.000 anunciaram participação, aproximadamente cem apareceram e ainda assim o protesto para que a cidade controle a epidemia de dengue conseguiu bastante barulho.
Conquistou a tribuna da Câmara, atacou o prefeito Vinícius Camarinha e os vereadores, pediu cancelamento do show com Chitãozinho e Xororó e lamentou a mortes de vítimas da doença.
Encontrou o plenário com menos vereadores. Dois deles estavam ausentes por tratamento de saúde: Silvio Harada (PR), que está com dengue, e Luiz Eduardo Nardi (PR), que já teve a doença.
O grupo iniciou a concentração às 17h na praça Saturnino de Brito, em frente ao Paço Municipal, com cinco manifestantes.
Rogério Martinez/Giro Marília
PM conversa com manifestantes: controle do trânsito para evitar acidentes
A Polícia Militar, que aguardava grande movimentação, levou viaturas, um ônibus de policiais, cavalaria, recebeu apoio dos agentes municipais de trânsito e fechou uma quadra da rua Bahia. Como a manifestação mostrou pouca força, a megaestrutura policial, maior que o grupo do protesto, foi desmontada e a rua aberta.
Às 18h o grupo, com cartazes, frases de ordem e cornetas, caminhou até a Câmara e ocupou as galerias. Alguns entraram gritando palavras de ordem contra a administração municipal. A sessão, que havia começado às 17h, teve de ser interrompida diversas vezes pelo presidente do Legislativo, Herval Rosa Seabra (PSB) para pedir silêncio. Não adiantou.
Herval anunciou a formação de uma comissão de vereadores para receber os manifestantes. Nomeou os vereadores Cícero do Ceasa (PT), Marcos Custódio (PSC) e Expedido Capacete (PDT) para compor o grupo. Não adiantou.
Em alguns momentos, o protesto descambou para o bate-boca, como quando um dos manifestantes gritou “esta com medo do que” e Herval retrucou “aqui ninguém tem medo de nada, não tenho medo de homem”.
O presidente ameaçou encerrar a sessão, defendeu o direito de o público se manifestar mas pediu respeito a casa, inclusive solicitando que manifestantes tirassem chapéus. O grupo exigia chance de falar com todos os vereadores.
TRIBUNA
A pedido do vereador Wilson Damasceno (PSDB). Herval suspendeu a sessão por dez minutos para que um representante usasse a tribuna. Gabriela Anegélico, 27, formada em Relações Internacionais e mestranda em políticas públicas, foi a indicada.
Gabriela Angélico, que lançou proposta da manifestação
Nasceram por iniciativa dela a iniciativa do protesto e o convite para o evento e ela estava com familiares e amigos carregando cartazes com palavras como “chega de farra, de show sertanejo, acabe com a dengue, é tudo que eu desejo” ou “chega não queremos mais enrolações e sim soluções”.
Entre tios, primos e outros parentes, Gabriela tem oito familiares com a doença. Não precisou dos dez minutos para seu recado. Disse que os números oficiais são falsos, disse que a cidade tem “90 mil” pacientes, enquanto os números oficiais falam em 4.000 infectados .
Afirmou que o prefeito Vinícius Camarinha pode ser responsabilizado civil e criminalmente pelos danos provocados pela epidemia e afirmou que os vereadores podem ser acusados por omissão.
O discurso generalizado provocou reação do vereador Mário Coraíni Júnior (PTB), que pediu um tempo da sessão para falar sobre a doença.
Coraíni citou que uma das vítimas morava no mesmo bairro que ele e que “a primeira professora que conheceu em Marília” morreu vítima da dengue. Criticou a administração municipal, mas nem assim, na oposição, escapou do público.
A sessão voltou a ser palco de bate-boca e foi interrompida. Os manifestantes não entregaram qualquer documento ou pedido formal. Os vereadores retomaram trabalhos e a Câmara virou cenário para troca de ataques e defesa ao prefeito Vinícius Camarinha.
Coube ao vereador Marcos Santana Rezende, vice-presidente, a defesa mais enfática do prefeito. Marcos Rezende afirmou que havia “caronas” no protesto que foram apenas para atacar. Disse que as medidas estão sendo tomadas, que a dengue não é um problema só de Marília e que a epidemia não pode ser usada como palanque.
O vereador Cícero do Ceasa fez a crítica mais enfática. Mostrou um programa de campanha do então candidato Vinícius Camarinha, chamou as promessas de mentiras e disse que a Câmara tem o dever de ouvir e dar espaço às manifestações populares.