Florentina Januário da Silva, 86, falecida no domingo, foi sepultada nesta segunda-feira como a 13ª vítima de dengue na cidade, com a doença reconhecida em segundo atestado de óbito mitido pelo Hospital de Clínicas. O caso tornou-se o estopim de uma batalha de números.
Para muitos moradores o volume de mortos é maior e está subnotificado assim como o número de casos. Para a prefeitura são menos mortes e haveria divulgação equivocada.
A prefeitura reconhece oficialmente apenas quatro óbitos e convocou dirigentes de todos os hospitais da cidade para um encontro destinado a produzir um mapeamento das mortes. Na saída do encontro, a administração divulgou que há apenas quatro mortes confirmadas, oito em suspeita e investigação e seis casos descartados em exames posteriores ao falecimento.
O atestado médico da aposentada indica falecimento por choque séptico como causa central e dengue como condição significativa que contribuiu para a morte. Seria a terceira morte em uma semana, depois da psicológica Delfina Guimarães e do militar aposentado Armindo Silva.
O número crescente de mortes atribuídas à doença provocou uma reação da administração, que reuniu os principais articuladores políticos no final de semana para discutir estratégias de reação.
Todos os hospitais são credenciados ao SUS (Sistema Único de Saúde) com recursos geridos pela administração. Ainda assim os dados e os números de atendimento não são centralizados ou controlados.
O argumento oficial para o encontro foi receber informações sobre os óbitos com uma dúvida central: se outras cidades tiveram epidemia sem tantas mortes, o que acontece em Marília?
A reunião não foi aberta à imprensa, mas resultou em um documento com o número de quatro mortes, oito suspeitas e seis descartadas. A justificativa técnica é que a dengue pode aparecer nos exames até três meses após contaminação.
EPIDEMIA
Apesar da discussão, o fato consolidado é que a cidade vive a maior epidemia de sua história, está com o problema desde outubro, tem milhares de pessoas doentes em situação de risco para eventual segunda contaminação. E tem mortes. Famílias perdem pessoas queridas. E não há projeção para fim da epidemia.