Do Banzo ao banzé

Senti muito Banzo, uma saudade imensa/intensa, de Marília, nos anos em que me ausentei por causa do trabalho. 

Achei que voltando resolveria todas as pendências e que veria uma cidade ainda mais resplandecente.

Ledo engano, depois do Banzo – que se acalmou -, agora vejo muito banzé: desmandos, descontroles, submissão geral ao descaso e à ignorância política. 

A cidade está às moscas, digo, aos mosquitos. Está escura, enevoada, imersa em tontices e obscura de valores dignos de seu povo.

Hoje, a cidade nos convida a irmos embora. Bata asas para longe, ou pereça de dengue. A luz vermelha diz: cuidado! A luz branca ilumina o sentido que se deve tomar.

A ignorância política que observo é quádrupla, múltipla, multiplicada pelos mais ignorantes do bom senso.

O que é bom senso? Eles, nossos políticos, não sabem. 

E muito menos nós que, além de votarmos, ainda estamos naquela do “sabe de nada, inocente”.

Vejo pessoas que conheci/conheço pedindo Golpe de Estado (impeachment) e a volta da ditadura (isso é crime previsto na Lei de Segurança Nacional!!!).

Não acredito nisso. Não posso imaginar o que houve com suas mentes.

Não eram, ao menos que eu saiba, mentes doentias, mas ficaram. E talvez tenham sido picados pela dengue.

Sinto que a cidade está mortificada com esta praga, no sentido literal e figurativo.

Nossa dengue provoca hemorragia política, por todos os poros em que se esvaem o menor senso de dignidade humana e o respeito consigo mesmo.

Quantos(as) morreram, quantos(as) morrerão por causa da dengue, sem que se tenha atitude decente para se combater nossa Peste (como diria Camus).

Por que, vitimados de hemorragia política cerebral, não fazemos nada de útil?

Como é que a elite do saber – que adora carnavais, malandros e anti-heróis (diria Damatta) – faz apitaços e marmitaços na avenida, pela queda da Presidenta Dilma, mas tem um silêncio gutural, grotesco, diante do crime político bem embaixo do seu nariz?

Como se vê, não há elite do saber. Só do querer. Dos que – hipocritamente – apontam o dedo, acusador, e como bons cristãos samaritanos (Marchando pela Família e Propriedade) imediatamente se esquecem de que há mais dedos voltados para si.

Fascismo meia boca, seguro em empreguinho público municipal ou melado pela servidão com os chefes capitalistas, não vê quantas concessões imorais fez e ainda faz. Sobretudo, para se manter bem com o poder local.

Não desconto nenhum absurdo realizado pelo PT para se manter no poder. Deploro absolutamente todos os que se envolveram em caixas espetaculares e vaquinhas desonestas. 

Não sou bobo, ingênuo talvez. Sei para quem iria o dinheiro da cueca e para que serviria. Conheço esses detalhes, desde o primeiro momento de sua aparição na TV. E não me importa se os dinheiros tinham finalidade eleitoral ou pessoal, o princípio corruptor é o mesmo. 

Sempre serão trinta moedas.

Porém, daí a pregar golpismos baratos – e de mãos dadas com novas e velhas baratas da política – é pura baixeza moral.

Por que nossos arautos da fé pública não descem do Olimpo de Baco e batem caçarolas contra a dengue?

Sabe por quê? Porque tem hemorragia política dengosa. 

Muitos desses fascistas – agora não mais enrustidos – dançam no ventre do poder. De longe, vêem seus amigos, familiares e vizinhos morrerem à míngua, passando do mosquito ao bico do corvo. 

O fascismo produz corvos – de todas as cores, pelagens e granjeios.

Não é digno o que vou dizer, mas pela vingança política, gostaria que todos eles pegassem dengue. O cérebro sem sangue e nem honra, nem notaria.

O pior de tudo é que voltariam mais fortes, mais imunes ao bom senso, à dignidade, à hombridade real. Se é que as “viúvas” reconhecem o que escrevo.

Cada dia concordo mais com os gladiadores da Roma antiga: “Força e Honra”, gritavam antes dos combates de morte.

Aqui, na cidade símbolo de Amor e Liberdade (?), nem um e, muito menos, o outro. Aliás, o(a) Outro(a) que se lasque. Estamos cercados, sitiados, por mosquitos psicopatas.

Aliás, posso escrever com liberdade porque meu emprego não depende de traças. E também porque – habilitado pelo Ministério do Trabalho – conto com a liberdade de imprensa, como jornalista reconhecido oficialmente.

São esses direitos que querem caçar/cassar? Antes disso, terão de fazer muito mais barulho com seus penicos cheios de sua essência. 

Um amigo padre me dizia que o superlativo de fé, é fezes. E olha que ele estava inteiramente correto. Um gênio em sua tirada.