O comitê brasileiro do Conselho Internacional de Museus (ICOM) inicia nova gestão para o período 2015-2018. Organizado em 1946, diante da destruição e dos desafios da restauração e da preservação do patrimônio cultural após a II Guerra Mundial, sobretudo na Europa, o ICOM reúne tanto instituições museológicas quanto técnicos, gestores, estudiosos e público de museus.
O Brasil é membro fundador do ICOM e o comitê nacional foi criado em 1948. Em torno do ICOM e do comitê brasileiro gravitam distintas comunidades dos museus e dos recursos humanos ligados ao patrimônio museológico em escala local e mundial. São polos aglutinadores, difusores e formuladores de políticas públicas, de estudos e pesquisas, publicações, promotores de inúmeras e diversificadas ações culturais, educacionais e de gestão institucional estatal, comunitária e privada. A busca de maior integração regional e de articulação internacional entre os museus, suas respectivas equipes e públicos e as instâncias do ICOM, é apontada entre os afazeres da nova representação do seu comitê no Brasil. Ao seu lado há o empenho na qualificação profissional e na gestão de museus.
Mais e melhores profissionais nos museus
A formação de profissionais, técnicos, gestores e pesquisadores na área museológica é preocupação constante nas atividades do ICOM e do comitê brasileiro. As ações são variadas e englobam cursos, seminários, conferências, incorporação de tecnologias, além de intensa e criativa mobilização editorial em forma de livros, revistas, cartilhas, sites, catálogos, boletins e folhetos.
No Brasil as demandas e as possiblidades profissionais são grandes e conhecidas. É enorme o nosso potencial de invenção e de inovação nas práticas e nas concepções de museus, particularmente no âmbito da diversidade biológica e cultural do País. Os desafios na redução das desigualdades sociais, regionais e educacionais fazem dos nossos museus, e dos serviços que eles podem desempenhar, laboratórios inesgotáveis na formação e qualificação de profissionais, do público e na propagação de uma cultura de museus em cidades e regiões brasileiras.
O intercâmbio de experiências e de boas práticas profissionais desponta como vetor ativo na integração regional e na articulação internacional. A atenção e a intensificação do diálogo, da interação e da mobilidade de profissionais, entre países da América Latina e da África, tornam-se não só estratégias de cooperação técnica e institucional, mas também de formação, aprimoramento e qualificação da área museológica no Brasil.
Desafios na gestão de museus
A qualificação e a sustentabilidade são fatores corriqueiros da instabilidade institucional, orçamentária, técnica e administrativa de que padecem os museus brasileiros. A situação, lamentavelmente, pode ser observada em diferentes instituições, em todo território nacional. O apoio no atendimento dessas necessidades figura entre as ações previstas pelo comitê brasileiro nos próximos anos. Algumas delas podem ser destacadas.
A adoção de programas regulares para a salvaguarda de bens patrimoniais em situação de risco é uma delas. A lista de bens ameaçados, por exemplo, permitirá somar esforços com as ações do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). A atuação conjunta tende a resultar em maior eficácia e fortalecimento institucional. A realização de parcerias visando a identificação e a disseminação de boas práticas de gestão e de sustentabilidade vai ao coração do problema.
O levantamento, análise e divulgação de indicadores de gestão, da acessibilidade e dos estudos de público completam as ações anteriores e possibilitam planejamento em médio e longo prazo. Por fim, o aumento da disponibilidade e difusão de conhecimentos, experiências e de informações institucionais, profissionais e internacionais em publicações para a área museológica.
O programa da nova representação do comitê brasileiro do ICOM é preciso, interativo e pertinente para atender a desafiadora realidade museológica no Brasil. A sua potencial efetivação vincula-se agora à ampliação do quadro de associados e mobilização coordenada.