O hormônio do estresse, inflamações e sobrepeso

Comenta-se sempre sobre como o estresse compromete a saúde. Mas afinal, o que é o estresse? O estresse é o estado de alerta em que o organismo entra ao se deparar com algo que requeira mais esforço ou concentração.

Por exemplo: quando um professor questiona um aluno, ele entra em estresse para se concentrar e responder a questão; ou, quando uma mamãe ouve um bebê chorando, ela entra em estresse para saber o que ele precisa.

Estes são exemplos de estresse bom, o tipo de estresse normal que todo mundo enfrenta e que faz bem à saúde porque mantém o cérebro estimulado e ativo. Mas quando o estresse faz mal?

O estresse faz mal quando se prolonga por mais tempo que o necessário, ou quando não se justifica havendo excesso de trabalho e de responsabilidade. Por exemplo: quando um aluno vive preocupado com seu rendimento escolar sem motivos, ou porque sofre abusos do professor; ou, quando a mãe vive apenas para cuidar da criança, sem horário de descanso nem tempo para si mesma; ou, quando eventos graves ocorrem, como abuso físico ou psicológico, acidentes ou doenças graves.

Os eventos  citados estimulam por tanto tempo o cérebro que causam um desequilíbrio químico, o que prejudica o funcionamento perfeito do organismo.

CORTISOL

Como o estresse prejudica a saúde?

O estresse provoca um aumento da produção do cortisol, um hormônio que é de extrema importância para o funcionamento perfeito do nosso corpo. O cortisol controla nosso biorritmo, reduz nossas inflamações e estimula nossa imunidade.

Quando os níveis de cortisol estão baixos, sentimos dores constantes, inflamamos por qualquer motivo e desenvolvemos um cansaço muito além do normal. Esse cansaço é chamado fadiga crônica.

O método mais comum de identificar o nível de cortisol é via exame de sangue, que deve ser coletado em estado de repouso e tranquilidade.

Geralmente os laboratórios só realizam os exames antes das 9h, não mais que uma ou duas horas depois do paciente ter acordado. A coleta domiciliar (quando disponível para este exame) permite resultados mais confiáveis, já que evita-se preocupações com o trânsito, por exemplo.

O mecanismo funciona assim: no início do estresse, a adrenal aumenta a produção de cortisol, mas com a permanência do estímulo a própria glândula se dessensibiliza e a produção de cortisol começa a diminuir. O corpo percebe isso como se não pudesse mais descansar.

Para ele, cortisol baixo é como se não houvesse mais diferença entre dia e noite e o estado de alerta fosse constante. Com a persistência do quadro, surgem os problemas mais graves: insônia, depressão, obesidade, fibromialgia, fadiga crônica, aumento do risco de enfartes, AVC, trombose e uma considerável baixa de imunidade.

A insônia é causada pelo constante estado de alerta, que não permite ao corpo descansar nem relaxar sua musculatura. O descanso com o sono é obtido apenas a partir da oitava hora de sono. Imagine que, para quem mora no Brasil, isso corresponderia a dormir às 11 horas da noite só querer acordar depois das 9 da manhã.

A depressão é consequência da baixa produção de serotonina, afinal a serotonina é produzida apenas durante o sono profundo, o que não ocorre quando nosso cortisol está muito baixo.

A obesidade está correlacionada à depressão pois, quando a produção de serotonina é baixa, a percepção da saciedade também é diminuída e isso causa um grande aumento de apetite, associado a uma grande retenção hídrica. O organismo apresentará um apetite voltado para os carboidratos que são ricos em serotonina, mas infelizmente, são extremamente calóricos.

A fibromialgia é consequência da insônia. Quando o corpo permanece em alerta constante, os músculos não relaxam e, com o tempo, formam nódulos contraídos extremamente sensíveis à dor. Esta é uma das patologias mais graves causadas pela baixa de cortisol, pois limita muito a qualidade de vida de seu portador.

O aumento do risco de infarto, AVC e trombose ocorre por uma reação inflamatória dentro das artérias, que começam a se obstruir mesmo que não haja gordura, levando à ocorrência destas isquemias mesmo em pessoas magras e/ou atletas.

Já a imunidade baixa é o primeiro sintoma perceptível com a baixa de cortisol, porque nenhum surto de resfriado passa despercebido pelo paciente. É sempre a garganta inflamada, uma crise alérgica ou pequenas doenças correlacionadas.

COMO LIDAR COM O ESTRESSE?

Em primeiro lugar, é preciso qualificar esse estresse para saber se ele é do tipo bom ou ruim para nosso corpo. A forma mais fácil de avaliar é através da equação: ESTRESSE + VIDA ATUAL = FELICIDADE ou DOENÇA.

Exemplos:

Cuidar do filho + Vida Atual = Felicidade de ser mãe e Maternidade + Vida Atual = Depressão pós-parto

Se a resposta é felicidade, então esse estresse, por mais inconveniente que seja, é benéfico ao seu organismo. Mas, se a resposta resulta em alguma forma de doença ou mal-estar intenso, então esse estresse está prejudicando seu organismo.

COMO TRATAR O ESTRESSE RUIM?

Em primeiro lugar, deve-se avaliar o quanto o estresse está comprometendo a saúde física do corpo. Se já houver desequilíbrio hormonal e sinais inflamatórios é preciso tratá-los em primeiro lugar, pois só então o paciente terá forças para tratar as questões emocionais correlacionadas. É sempre importante enfatizar que para o tratamento do estresse é preciso tratar primeiro o físico para depois tratar o emocional.

O tratamento pode levar de seis meses a dois anos para que o organismo atinja o seu equilíbrio ideal. Mas se a fonte de estresse permanecer, então o tratamento deverá ser contínuo.