O ano era o de 1998, A UNESP/ASSIS fervia naquele que seria o último dos melhores anos daquela Unesp. A partir de 1999, as festas já não eram mais as mesmas, aliás, nem festas mais no campus irão mais acontecer, passando para as repúblicas, festas estas que não mais frequentaria.
Já era fim de noite, quando fechamos as portas do bar do D.A. (Diretório Acadêmico) e em uma roda de conversa, ela apareceu com uma amiga em comum. Ela que percorria os meus sonhos, desejos e olhares em todos os lugares que estava e que a gente se encontrava. Nunca tive a coragem de nem sequer perguntar que curso fazia, de que cidade vinha e o que nas horas vagas a distraia. Bem, na verdade, nem o nome dela, eu sabia.
Até que alguns instantes depois de sua chegada, percebi que através de um olhar para sua amiga, ela quis ser apresentada. Quis saber o meu nome, que curso fazia e se eu era o rapaz que gostava de escutar tango. Começava ali uma mistura de encantamento, amizade e paixão. Passamos a nos encontrar todos os dias na faculdade. Estudávamos juntos na biblioteca, bebíamos juntos no bar do D.A. e íamos embora juntos até a onde o caminho da minha coragem me permitia. Todas as minhas conversas, desde os trabalhos da faculdade até os últimos tangos, passavam pela nossa e exclusiva mesa do melhor lugar do mundo, a biblioteca do campus, na qual, eu admirava aquele rosto lindo e angelical que naqueles nossos momentos me pertenciam, assim como as nossas mãos juntas que donas mais não tinham.
Até que um dia, veio a imposição mais inesperada que poderia me acontecer. Hoje você vai dançar tango comigo no bar do D.A.! As sete horas da noite, a música já estará pronta, esteja lá. Se esquecendo de propósito ou não que todos os dias a partir das cinco da tarde, eu já ajudava abrir o bar. Portanto, de qualquer jeito, estaria lá. Disse sim, mesmo sabendo que nunca teria coragem de dançar um tango com ela.
Creio que foi ali que dobrei a esquina errada da vida. Outro cara dançou com ela, nunca mais ela me pediu nada, assim como em poucas semanas, ela transferiu seu curso de história para outra faculdade em outra cidade. Sim, eu deveria ter dançado.
Inspirado em Carlos Heitor Cony