Polícia Militar na porta, ruas interditadas, protesto na avenida, galerias vazias e racha na bancada governista. A votação do reajuste salarial de 4,5% para servidores foi feita em uma sessão como poucas e com o resultado de sempre: passou na íntegra o projeto da prefeitura.
O reajuste deveria ter sido votado na noite de segunda (11), em sessão que acabou encerrada durante tumulto provocado por protestos de público que acompanha o trabalho na Câmara. A sessão extraordinária convocada para a manhã desta terça começou com forte aparato policial em frente ao legislativo e o plenário vazio.
Com votação em horário comercial, a sessão também afastou muitos dos manifestantes e um pequeno grupo de pessoas com faixas e cartazes acompanhou do lado de fora a votação do projeto.
O reajuste foi aprovado a dois dias de uma greve convocada pelo Sindicato dos Servidores, que pede reajuste de 8,4% para reposição da inflação nos últimos 12 meses.
A intenção do sindicato era conseguir a rejeição do projeto, o que deixaria os servidores com reajuste zero mas permitiria articulação para a greve e eventual reajuste maior. Desde a semana passada (8), quando a proposta de greve foi aprovada, o sindicato tenta apoio de vereadores.
A campanha conseguiu dois votos. |Marcos Rezende (PSD) e José Menezes (), que acompanharam reuniões do sindicato e representaram a Câmara durante a negociação salarial, haviam assumido compromisso de seguir o desejo da assembleia de servidores.
Foram os únicos governistas a votar contra o reajuste, embora tenham discursado em defesa da prefeitura e com críticas à postura do sindicato na negociação e na condução da campanha salarial. José Bassiga, que participou das reuniões, votou a favor do projeto.
Assim, perla primeira vez o placar de uma votação polêmica rompeu o tradicional rolo compressor e em vez de tradicionais 10 a 3, foram sete votos a favor e cinco contra – Mario Coraini (PTB), Wilson Damasceno (PSDB) e Cícero da Silva (PT) também votaram contra o projeto.
Com o reajuste, o salário inicial mais baixo da prefeitura passa a ser de R$ 1.227,00 e o mais alto de R$ 3.866,74. Mas servidores com tempo de trabalho recebem gratificações, anuênio e outros benefícios que elevam os valores.
A sessão aprovou ainda projetos para reajustar salários de servidores da Câmara, do prefeito e vice-prefeito e secretários municipais, que passam a receber R$ 15.890, R$ 10.594 e R$ 7.950, respectivamente.
Uma emenda do vereador Wilson Damasceno para que os salários passam a ser corrigidos pelo índice de preços medido pela Fipe foi rejeitada, desta vez com os governistas unidos: 10 a 3.
Rogério Martinez/Giro Marília
Governista Luiz Nardi (PR), na Tribuna, ouve Mário Coraíni (PTB), da oposição
Discursos e justificativas de voto arrastaram a sessão até pouco mais de 12h, com raros momentos de mais tensão. O plenário chegou a ter seis dos 13 vereadores enquanto os oradores alongavam os trabalhos.
Os discursos geraram poucos debates, sem tumulto. O momento de maior tensão foi provocado pelo oposicionista Mário Coraíni que repetiu acusações de corrupção na prefeitura e disse que “terceirização dá propina, salário de servidor não”.
FRASES
“A prefeitura argumenta que a súmula do STF impede reajuste pelos índices federais. O Índice de preços da Fipe é um índice de São Paulo, então apresentei a emenda para adotar este índice de correção” – (Wilson Damasceno – PSDB)
“Em Marília é empregado o terror, o medo, a perseguição….o prefeito não dá a cara para bater, não ouviu o sindicato. A população ele já não ouve mesmo.” ( Cícero do Ceasa – PT)
“Vim à tribuna mostrar minha indignação, porque meus argumentos os vereadores Damasceno e Cícero já apresentaram. O Daem elevou a tarifa em 15%, a Unimed na prefeitura subiu 26%, além dos aumentos de IPTU, taxas, contribuições” (Mário Coraini – PTB)
“O que temos hoje é 4,5%. Pode sai mais? Devia. Mas em respeito aos servidores que não estão se manifestando, somos 5.400 servidores, as manifestações tem reunido em torno de 200, em respeito aos servidores que aceitam 4,5% votei e votarei em segunda discussão a favor do projeto” (Sônia Tonin – PSC)
“Se o projeto não for aprovado o reajuste é zero…esta casa tem duas alternativas: dar os 4,5% ou votar contra e votar contra é não dar reajuste nenhum..” (Luiz Eduardo Nardi – PR)
“Os secretários apresentaram os estudos e pediram ao sindicato então uma contraproposta que mostrasse de onde iriam tirar o dinheiro para o reajuste. Tivemos nova reunião, os secretários pediram a contraproposta e para minha surpresa o sindicato não levou estudo nenhum” (Marcos Rezende – PSD)
“Parecíamos presidente, vice e primeiro secretário do sindicato. Quem mais falava eram os vereadores da comissão formada por esta casa” (José Menezes – PSL)