Marília

CRISE NA FAMEMA - Alunos lançam campanha contra OSS e ampliam racha com diretoria

Estudante durante protesto contra corte de verbas e crise na Famema – Rogério Martinez/Giro Marília
Estudante durante protesto contra corte de verbas e crise na Famema – Rogério Martinez/Giro Marília

Uma nova campanha do Diretório Acadêmico dos estudantes de medicina da Famema mostra pela internet que o racha entre os alunos e a direção do complexo HC-Famema está cada vez maior. A crise agora é o modelo de gestão do complexo após a consolidação do HC como nova autarquia estadual.

Os estudantes acusam um plano de privatização indireta e transferência da administração do hospital para uma OSS (Organização Social de Saúde), modelo que o Estado já adotou em pelo menos 15 hospitais. Já criaram até uma petição em formato de abaixo assinado para evitar que a medida seja tomada (clique AQUI para ler).

“A resposta é não. Não há projeto, não há estudo, não há análise, nada neste sentido. O que existe é aguardar os trâmites do processo de autarquização e todas as medidas administrativas relacionadas a ele”, informou a assessoria de comunicação da Famema. 

Segundo a campanha dos estudantes, a OSS assumiria o controle do hospital com possibilidade de contratar sem concurso, comprar sem licitação pública feita pelo Estado e promover outras formas de gasto com menor controle. A diretoria nem admite responder qualquer possibilidade: diz apenas que não há qualquer projeto para criar a OSS e por isso mesmo não existe mais nada do que os alunos acusam. 

O temor dos estudantes é que o HC seja atingido por um processo de transferência de gestão que não para de crescer. Em todo o Estado as OSS já respondem por ambulatórios, centros de referência e até de distribuição de insumos. A Famema diz que a diretoria não pensa nesta possibilidade. O problema é que a partir da autarquização quem vai definir a direção da Famema é o governador.

A página criada pelo Diretório afirma ainda que a criação das OSS representa um desmonte do sistema público e que nos hospitais assumidos pelas organizações o atendimento segue ruim. “Pacientes continuam a esperar durante mais de três horas na fila por um atendimento em hospitais e prontos-socorros na capital paulistana”, acusam os alunos.

O HC vive crise histórica. Desde final do ano passado o volume de verbas repassado pelo governo do Estado caiu 25%, o rombo no cofre do hospital está na faixa de R$ 8 milhões e s[ó não cresce mais rápido porque muitos serviços já foram muito prejudicados os reduzidos. O hospital perdeu pediatras, anestesiologistas e equipe de radioterapias que eram terceirizados.reduziu horário de atendimento no Hemocentro, cortou atendimentos de demanda direta – em que o paciente ia pessoalmente e por iniciativa própria ao hospital – e transferiu responsabilidades aos 62 municípios que atende.

Ainda assim, segundo funcionários e até os chefes de setores, faltam remédios, seringas, gazes e até cobertores para pacientes. Para  o Diretório, essa crise será usada como justificativa para a criação de uma OSS (Organização Social de Saúde) para gerenciar o Hospital das Clínicas. 

Inflado pela crise financeira, o conflito entre os alunos e a direção do complexo HC-Famema só cresceu após a aprovação da transformação do hospital em autarquia isolada. O que a direção vê como salvação do hospital, os alunos vêem como risco para os cursos e atendimentos, com possibilidade de abertura do hospital para planos de saúde e faculdades privadas. Os alunos já fizeram um protesto e passeata contra a crise e com pedido de mais espaço na gestão do hospital.

Chamados a participar de um protesto convocado por chefes de setores, os estudantes não foram. Publicaram mensagem de apoio a “qualquer movimento que objetive melhorias para a saúde da população, fortalecimento do SUS e denuncie os desmandos dos governantes” mas subiram o tom dos ataques: acusaram a diretoria de estar por trás do protesto e demorar a perceber os efeitos da crise. Também acusam a diretoria de não enxergar todo o processo de desmonte do hospital como forma de promover a privatização e ser submissa ao governo do estado a quem acusam de “destruir a instituição”. (veja AQUI na íntegra).

Os alunos criaram ainda um infográfico em que mostram como a crise será usada para criar a OSS e a privatização. Para os alunos, a encampação da Famema por uma das três universidades estaduais (USP, Unicamp ou Unesp) é a melhor medida de proteção do curso, do hospital e do atendimento. Veja abaixo o gráfico divulgado pelos estudantes: