Após 35 dias de paralisação, uma assembleia de servidores rachada e com tumulto aprovou na manhã desta quarta-feira a volta ao trabalho a partir da segunda-feira. A greve acaba sem nenhum novo índice de reajuste e sem desconto dos dias parados, mas com a obrigação de repor as horas de trabalho perdidas.
Os trabalhadores terão os 4,5% de reajuste que já haviam sido concedidos e até aprovados pela Câmara. A categoria pedia reajuste de 8,4%. A mesma oferta usada para o acordo já havia sido apresentada e rejeitada em pelo menos duas situações anteriores.
O retorno ao trabalho aguarda apenas que essa proposta de acordo seja homologada em audiência no Tribunal de Justiça. Os termos do acordo foram discutidos na noite de ontem, terça-feira, pelo presidente da Câmara, Herval Rosa Seabra (PSB) e um representante da Federação Estadual dos Trabalhadores.
O acerto sem divulgação do encontro ou participação de servidores municipais no encontro provocou debates e até discussões de alguns trabalhadores presentes na assembleia com diretores do Sindicato dos Servidores e da federação.
A forma de condução e o resultado final da assembleia provocaram algumas críticas nas redes sociais e transferiram para a diretoria do sindicato e para a federação um desgaste que até agora era só do prefeito e dos vereadores aliados.
O presidente do Sindicato, Mauro Cirino, não atendeu o Giro Marília para falar sobre o tumulto e o acordo. Representantes do comando de organização formado durante a greve também não foram encontrados ou não quiseram falar sobre o acordo.
A medida foi tomada após três tentativas frustradas de conseguir ordens judiciais para evitar os descontos. A última foi a ação que pede a instauração do dissídio e intervenção do Tribunal de Justiça para resolver a crise.
A medida foi rejeitada para analisar posterior, durante o processo. O acordo e o fim da greve encerram essa discussão e também pedido em outra ação, que tramita na Vara da Fazenda em Marília.
Nos 35 dias de greve os servidores fecharam avenidas e ruas do centro, espalharam cartazes e faixas e até músicas com ataque ao prefeito Vinícius Camarinha e vereadores governistas.
Quando a greve começou, a pauta de reivindicações dos servidores tinha sete páginas. Durante o protesto foi sintetizada em três pedidos: aumento de 8,4%, pagamento dos dias parados e definição de um índice para reajuste a ser adotado a partir de 2016.
Nenhuma das medidas foi aceita. A greve que chegou a ter pouco mais de 1.000 servidores par5ados – algo entre 10% e 15% da categoria, atingiu principalmente escolas, setores do Daem e saúde.
Professores da rede municipal conseguiram durante o protesto o anuncio de medidas para estabelecer a jornada especial, que deve dobrar o horário de serviço e consequentemente a renda dos trabalhadores.
Serventes, serviços gerais, funcionários da limpeza e motoristas, entre outras funções, devem ter apenas os 4,5% de reajuste.