Seguranças que não são funcionários, chamados sabe Deus por quem, bloqueando as escadas, policiais que não interferiram em conflitos e uma ordem: se tiver escrito ladrão não passa, não vai entrar cartaz. Foi assim a repressão ao segundo ato Fora Herval na Câmara de Marília na noite de segunda-feira.
Foi a segunda manifestação convocada por partidos e ONGs para pedir o afastamento do presidente da Câmara, Herval Rosa Seabra (PSB), condenado a oito anos e dez meses de prisão por peculato mas exercendo o direito de responder em liberdade e no cargo.
A situação surreal foi toda filmada pelo advogado Alexandre de Cerqueira César, ex-assessor parlamentar, que chegava para acompanhar a sessão rotineira do legislativo onde aconteceu o ato.
Os manifestantes encontraram policiais militares na porta e pelo menos quatro pessoas em pé na escada controlando conteúdo de cartazes. Um vídeo gravado pelo advogado mostra sua chegada e a descoberta de que os manifestantes só passavam quando os cartazes eram entregues ou destruídos.
O vídeo mostra que o sistema de controle por pessoas que sequer são servidores da casa provocou conflito. Uma manifestante foi impedida de subir as escadas e o cartaz que ela levava foi tomado de suas mãos e destruído.
No segundo dar, onde fica o acesso para as galerias destinadas ao público, o advogado flagrou mais um caso de um homem que tomou cartaz de manifestante e disse estar lá porque “foi chamado”. Não explicou quem chamou.
O advogado chamou os policiais que estavam no prédio, disse que houve agressão contra uma manifestante e chegou a dar voz de prisão a um dos “seguranças, a quem chamou de capangas em sua página da rede social. Os policiais demoraram um pouco a atender mas não retiraram nenhum dos envolvidos do plenário.
A sessão acabou tumultuada em alguns instantes por bate bocas entre manifestantes que tentavam interferir e respostas do presidente da Câmara que reafirmou postura de impedir interferência sobre o trabalho dos vereadores.
O PROCESSO
Herval Seabra está condenado em primeira instância acusado de peculato, que é desvio de recursos públicos, com, saques fraudulentos de cheques da Câmara no valor de R$ 3 milhões. Ele foi acusado em delação premiada do ex-diretor da Casa, Toshitomo Egashira, que também foi condenado no processo.
Após a condenação, o Ministério Público chegou a pedir o afastamento de Herval, mas o pedido foi negado, entre outras razões, por ter sido feito fora de hora e com uso incorreto de recursos judicial.
Herval Seabra, que já foi vice-prefeito e prefeito em exercício, é advogado e cumpre seu sétimo mandato, o quinto como presidente do Legislativo.