Marília

O Botão do Pânico agiliza a prisão do agressor

O Botão do Pânico agiliza a prisão do agressor

No aniversário de nove anos da Lei Maria da Penha, em pleno século XXI, mulheres brasileiras necessitam de mecanismos de GPS para que possam se proteger da violência doméstica e familiar.

A administradora do Instituto Nacional de Tecnologia Preventiva (INTP), do estado do Espírito Santo, Rosangela Niélsen, responsável pelo desenvolvimento do aparelho, explica que o dispositivo faz parte do projeto de fiscalização das medidas protetivas em favor de vítimas de violência doméstica e familiar.

“A lei Maria da Penha é uma das três melhores leis criadas no mundo. No entanto, havia a necessidade da criação de um mecanismo de fiscalização que protegessem essas mulheres, caso o agressor não mantivesse a distância mínima garantida pela lei.”

A experiência com o botão do pânico contou com um resultado de 100% de aproveitamento. Nos casos em que o dispositivo precisou ser acionado o agressor foi preso entre três e nove minutos, evitando o ataque à vítima.

O projeto pioneiro no Brasil, abraçado pelo Poder Judiciário capixaba começou a ser implantado em Vitória, onde os índices de violência doméstica contra as mulheres eram ainda mais alarmantes do que nos demais estados da federação.

O “Botão do Pânico”, como foi batizado, deve ser usado exclusivamente em caso de descumprimento da medida protetiva pelo agressor. Medindo cerca de 64 mm por 46 mm por 17 mm e pesando no máximo 50 gramas, tem custo médio de R$ 80.

O dispositivo é a prova d’água, suporta grandes impactos e a sua bateria tem autonomia de até 45 horas. Quando a portadora não utilizar o carregador do equipamento, um dispositivo alerta a central de monitoramento que envia imediatamente uma mensagem para o contato telefônico da mulher. Caso não entre em contato ou não carregue a bateria após três mensagens de aviso, uma viatura é enviada até a residência.

O serviço é monitorado pela Guarda Municipal via sinais de GPS, gravação de áudio e profissionais especialmente treinados. Assim que o botão é acionado pela vítima, a central tem acesso à escuta remota do ambiente e o socorro é imediatamente enviado.

No caso de Vitória, o comando disponibilizou quatro viaturas para o atendimento exclusivo das demandas relacionadas à Lei Maria da Penha. Os primeiros dispositivos foram entregues em abril de 2013 e de lá para cá muitas mulheres foram beneficiadas.

Agora, chegou a vez do Piauí. Para a coordenadora Estadual de Políticas Publicas para mulheres, Haldaci Regina, a implantação do dispositivo é mais uma arma para reduzir e prevenir a violência domestica e o feminicidio e que espera que seja adotada pelo Estado do Piauí, assim que confirmada a viabilidade.

“Queremos nos dotar de todos os mecanismos possíveis para a proteção destas mulheres. No entanto, o assunto é muito mais amplo e envolve educação, segurança, saúde e políticas publicas de prevenção e também de punição para os agressores”.

Além da prevenção, outro fator fundamental para o sucesso do equipamento é que, assim que recebe a informação via GPS a Central de Monitoramento inicia a gravação do áudio ambiente, que será armazenado em um banco de dados à disposição da Justiça. Toda a conversa poderá ser utilizada como prova judicial contra o agressor, gerando a prisão em flagrante ou preventiva.

O aparelho é acoplado a um cinto que pode ser encaixado em qualquer parte do corpo da mulher ou dentro da bolsa. Quando pressionado, o botão libera uma escuta monitorada por uma central gerenciada, que aciona delegacias especializadas na proteção à mulher e a unidade mais próxima, utiliza a localização da vítima e envia uma viatura policial onde ela esteja. Além de Vitória, duas cidades no Brasil já implantaram a ferramenta portátil: Londrina (PR) e Belém (PA).

O presidente do Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid), juiz Álvaro Kalix, destacou que o “Botão do Pânico” é uma das mais importantes ferramentas de controle das medidas protetivas a mulheres vítimas de violência.

“Precisamos evitar que o mal maior aconteça. Não basta apenas punirmos os agressores; é importante que nós, magistrados, tenhamos mecanismos eficientes para coibir um delito contra mulheres. O “Botão do Pânico” vai antecipar a chegada dos agentes de segurança a um local de possível agressão”, afirmou o juiz.

O uso do dispositivo vem consolidar uma união de esforços entre os vários poderes e entidades governamentais no sentido de coibir a violência doméstica e familiar contra mulher, tornando efetivo o cumprimento das medidas protetivas preconizadas pela Lei Maria da Penha. Completando o projeto, a nosso ver, os custos despendidos pelo estado com o equipamento deveriam ser integralmente reembolsados pelo agressor.

Fontes de pesquisa: site Piauí Governo do Estado e Folha Vitoria

Adriana Tognoli é Advogada, Pedagoga e Empresária
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