O que há de novo nos protestos de rua?
Os protestos contra o governo federal ocorridos ontem, pelo Brasil afora, deram continuidade à estratégia das oposições de desgaste político do PT e dos partidos aliados. Ninguém se iluda, as oposições não estão nem aí para o país. Aécio & Aloysio insistem em ocupar o Palácio do Planalto. Os 3 milhões de votos a mais recebidos por Dilma Rousseff adiaram a ambição. Já que não tivemos votos, vamos sem voto mesmo, gritam eles, inconformados.
É fato, a política econômica não seria radicalmente distinta em hipotético governo do PSDB. O próprio Joaquim Levy, atual Ministro da Fazenda, era nome cotado nas hostes oposicionistas para ocupar o cargo em que está no governo Dilma. Economistas argutos e nada bolivarianos, como Delfim Neto, avisam, desde o início do ano, que há crise e há solução. Os procedimentos para tanto foram adotados, agora é trabalhar por eles. Bancos e indústrias estão convencidos disso. Aécio & Aloysio, não. Dirigentes empresariais revelam-se mais astutos do que dirigentes políticos do PSDB.
A cadeira e as urnas
No PSDB há outros pretendentes ao sonho presidencial. O senador José Serra e o governador paulista, Geraldo Alckmin, são dois dentre eles. Para estes potenciais candidatos a opção parece ser deixar ao governo Dilma o ônus da política econômica e do ajuste fiscal, da insatisfação crescente em sua base de apoio na sociedade e da base aliada no Congresso Nacional. Entregam ao governo e ao PT o desgaste de executar metas e propostas do PSDB. O seu alvo não é Dilma Rousseff, mas o PT, seus aliados e os eventuais doadores na campanha presidencial de 2018.
As lideranças do PSDB permanecem unidas no desgaste do governo e do PT. Todos os pré-candidatos do partido ganham com isso. Aécio & Aloysio querem ir já, defendem o impeachment a qualquer custo. Os seus concorrentes na sigla preferem a crítica, mas sem assumir o serviço sujo da deposição e da administração da crise econômica e de nova crise política que se abriria com a violação da vontade das urnas. Há unidade apenas neste nível de ação do PSDB. Embaixo da mesa sobram caneladas.
Novidades?
Inegavelmente, em 2015, as manifestações de rua contra o governo Dilma e o PT, trouxeram uma novidade: a visceral intolerância e a agressão física contra pessoas, segmentos sociais, símbolos e instituições que não comungam os gestos e atitudes das oposições. Não há surpresa nisso. Há antecedentes históricos evidentes e duradouros.
Em primeiro lugar devemos lembrar que a ditadura militar no Brasil não foi liquidada como deveria e como queriam as ruas. A saída dos militares foi negociada pelos líderes conservadores do PMDB e do PFL.
A democracia política e a nova Constituição não foram capazes de transformar a índole autoritária, violenta e discriminatória, entranhada na sociedade pelos séculos de colonialismo, escravidão, opressão, exploração econômica e mandonismo. A tortura como punição exemplar ao comportamento rebelde segue consentida e mesmo aplaudida pelos manifestantes. Os mesmos que ontem desfilaram pelos projetos exclusivistas do PSDB nas eleições presidenciais em 2018.