Essa semana uma noticia me chocou: a cantora negra norte-americana Beyoncé, postou uma foto com seu novo visual, cabelo loiro com franja em sua rede social. Porém, esta foto foi fortemente criticada. 

O fundamento das criticas era em torno que esta cantora havia se apropriado da cultura branca. 

E isso me trouxe fortes reflexões sobre o que é de fato a apropriação cultural.  E um site norte-americano, o Cluthmag depois dessa polêmica publicou uma nota explicando o que realmente é apropriação cultural e o porquê as pessoas tem que tomar o devido cuidado quando utilizarem esta expressão, em um trecho ele faz referência à cultura predominante branca. “Para começar, apropriação cultural é a adoção de certos elementos de uma cultura por outra” (Cluthmag).

Pois bem, apropriação cultural é quando o individuo utiliza a cultura de outra região sem que este revele as suas origens, e um exemplo disso nos dias atuais é a utilização de turbantes por pessoas de todas as cores e que é uma característica forte da cultura africana. Até ai, tudo bem. 

Mas o problema começa quando a valorização da cultura africana não ocorre, e o uso de turbante se torna moda, já que há muito tempo mulheres negras fazem uso de turbante, mas nem sempre a utilização do turbante é aceito pela sociedade. 

Há vários relatos de pessoas que eram discriminadas e que diziam que as mulheres que faziam o uso eram para esconder o cabelo por “não ser bom”, ou era por causa da religião de matrizes africanas que no Brasil ainda são bem hostilizadas, entre outros motivos. Logo, o uso de turbante sempre foi discriminado. 

E hoje ocorre uma onda de que usar turbante está na moda. E é ai que está o perigo. Quando se apropriam de algum elemento cultural, este elemento tem que ter suas origens resaltadas, tem que ser valorizado, não se pode simplesmente julgar que agora o uso de turbante é bonito e está liberada sua utilização sem preconceito.


Não se pode apagar sua origem e sua significação. O turbante é mais que um simples acessório, ele carrega muita história o que o caracteriza como elemento cultural africano. 

Este é só um dos mais diversos exemplos que se pode dar sobre apropriação cultural. Todos podem utilizar turbante, mas desde que saibam sua origem e mais, desde que nunca se tenha ridicularizado uma pessoa com este elemento. 

Então, uma mulher negra ter pintado o cabelo de loiro é apropriação cultural branca? 

Não, isso não é apropriação cultural, pois a cultura branca é imposta deste muitos anos e isso não pode ser argumentado contra uma pessoa que vive nessa sociedade eurocêntrica e sabe a origem e a história desta cultura. A cultura branca não pode ser deturpada porque ela é imposta, ou seja, é a cultura que domina. Ninguém é preterido, julgado por ter cabelo liso, nariz fino, ter a cor da pele mais clara, isso é o que a sociedade espera do individuo, que ele esteja dentro dos padrões.

E associar uma pessoa negra ou de raiz indígena à apropriação cultural é um erro gigantesco, é não ter ideia do processo histórico que estas etnias viveram, é negar todo seu passado, é o mesmo que dizer que existe racismo reverso! Isso não existe e não se pode massacrar o histórico de um povo, por isso é importante que nas escolas o ensino da cultura africana seja colocado em pauta entre as disciplinas.