Educação

Professor usa paixão por dinossauros em aulas e ganha prêmio

Antonio Primo com estudantes durante visita ao Museu Paleontológico – Divulgação
Antonio Primo com estudantes durante visita ao Museu Paleontológico – Divulgação

O cinema transformou dinossauros em um tema mundial. Pesquisa científica revelou em Marília um verdadeiro parque dos dinossauros em fósseis que a cada ano revelam novidades. Uma tudo isso, leve para sala de aula e tenha turmas de adolescentes motivados a pesquisar, visitar museu e aprender. E aí ganhe um prêmio.

Foi esse o roteiro de trabalho de cinco anos do professor Antonio Aparecido Primo, do Sesi de Marília, que desde 2011 envolve estudantes do ensino fundamental em projeto de 45 dias – ou algo em torno de 16 aulas – para estudar história em um modo diferente.

Em abril, após envolver a quinta turma no processo ele inscreveu o projeto no prêmio Educador Nota 10, um prêmio da Fundação Vitor Civita, ligada à Editora Abril, e ficou entre os 50 melhores casos do país entre milhares de inscritos.

O prêmio é simples, uma assinatura da revista Nova Escola e a publicação do projeto, com divulgação nacional da ideia, mas é um estímulo extra para manter e ampliar a proposta. “O mais importante é o reconhecimento do trabalho que a cada ano cresce um pouco mais”, conta o professor.

A ideia nasceu de uma pergunta ouvida pelo professor e depois reproduzida em suas aulas: “o homem e os dinossauros viveram no mesmo tempo, coabitaram a terra?”

Na primeira vez em que levou a questão para sala, tinha quase 90 alunos e mais de 60 responderam que sim, um erro comum, mas ainda assim um erro. Entre a extinção dos dinossauros e o surgimento do homem passaram milhões de anos.

Primo uniu a necessidade de melhorar informação sobre o tema a uma orientação geral de ensino no Sesi: ligar informação geral com dados locais, inserir a região e o aluno dentro das informações transmitidas.

Aí o parque dos dinossauros de Marília, a pesquisa e o Museu Paleontológico da cidade, onde estão fósseis descobertos na região, incluindo informações sobre um Titanossauro, foram levados para dentro da aula. E as aulas para dentro do museu.

Os alunos são incentivados a ler, pesquisar, fazer leitura crítica de todas as informações que recebem e ao final do projeto visitam o museu e produzem um relatório em grupo. Há restrições: quem for mal em disciplina não vai ao museu.

E também há progressão: a partir do sucesso da experiência, nos anos seguintes as turmas são levadas a museus em cidades vizinhas, como o Museu Índia Vanuire, de Tupã, ou o Museu do Café, em Botucatu.


Anos após a visitam, alunos usam aprendizado em aula de robótica – Divulgação

“O resultado do projeto que é os alunos ampliam seu conhecimento sobre dinossauros, sobre museus, método de pesquisa, informações gerais sobre paleontologia, arqueologia, história e ainda valorizam patrimônio histórico e cultural da cidade. Marília é conhecida em universidades do país inteiro em função dos dinossauros e do trabalho de pesquisa do William Navas. E eu aprendo também, porque sou obrigado a pesquisar, saber cada vez mais, e exercito meu papel de professor pesquisador”, diz Antonio Primo.

Alunos que participaram da primeira turma, em 2011, hoje estão no ensino médio e até hoje falam da visitam e do que aprenderam com o projeto, que já dá vazão a novas iniciativas.

“Eu tenho vontade de ampliar, transformar em projeto de formação continuada, estender a pesquisa e as visitas para professores e tornar em incentivo sobre como usar museus em sala de aula”, conta Antonio Primo.

A partir desta experiência, não só o museu de Paleontologia mas o Museu Pedagógico, a biblioteca da cidade ou a comissão de registros históricos passam a ser centros de atração e informação.