Marília

PRESSÃO E BATE-BOCA - Sessão tumultuada adia privatização e enterra CP contra Herval

Manifestantes comemoram após adiação da votação
Manifestantes comemoram após adiação da votação

A pressão popular ganhou tempo e parou, pelo menos até amanhã, o rolo compressor da administração. Pressionada por vaias, ofensas e protestos, a Câmara de Marília adiou para esta quarta-feira, às 9h, a decisçao sobre a proposta que autoriza o prefeito Vinícius Camarinha (PSB) a privatizar os serviços de captação e abastecimento de água e de coleta e destinação do esgoto, além de reestruturar o Daem.

A bancada de sustentação ao prefeito chegou pronta para a aprovação da medida. Antes do adiamento, os governistas enterraram mais um pedido de Comissão Processante, desta vez destinado a investigar o presidente do Legislativo, Herval Rosa Seabra, e pelo menos três tentativas legais de adiar a discussão e votação.

A medida mais polêmica da administração tinha tudo para ser aprovada com alguns minutos de debates e discursos previsíveis. A presença de cabos eleitores, simpatizantes e convidados dos governistas provocou uma divisão nas galerias destinada ao público mas ainda assim a pressão contra o projeto foi mais forte. Quando o vereador Mário Coraíni (PTB) iria discursar e o público em pé gritava palavras de ordem contra os governistas, Herval Seabra suspendeu a sessão até a manhã desta quarta.

A movimentação na porta do Legislativo começou cedo, por volta de 14h. às 17h, quando a sessão começou, já não havia lugares nas galerias e manifestantes concentravam-se do lado de fora.

A estratégia da oposição foi tentar adiar a votação. Primeiro com dois requerimentos formais assinados pela Matra, OAB, sindicatos e lideranças e comunitárias para que os vereadores adiassem a discussão.

Os dois pedidos foram rejeitados por nove votos contra os três vereadores da oposição, Ciceo do Ceasa (PT), Mário Coraini Júnior (PTB) e Wilson Damasceno (PSDB). Os manifestantes mostraram então a segunda estratégia: perturbar a sessão. Muito antes da votação começaram as reações isoladas nas galerias com gritos e ofensas aos governistas .

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Os governistas ajudaram a acelerar a pauta carregada. Retiraram de votação diversos requerimentos, evitaram tradicionais discursos de prestação de contas da semana e fugiram de polêmica na votação da Comissão Processante.

A votação teve Herval Seabra de volta às cadeiras de vereadores e Marcos Santana (PSD) no comando da sessão. Apenas os três vereadores de oposição votaram a favor da comissão. Herval, julgou-se impedido de votar.

A pauta andou com votação rápida e sem debates de propostas a serem consideradas objeto de deliberação, ou seja, temas que podem virar lei e vçao ainda entrarem debate, Foram cinco, até chegar à discussão da privatização.

Os discursos nem haviam começando e já havia polêmica nova: o bate bate-boca entre o ex-vereador e ex-presidente da Câmara, Eduardo Nascimento, e o presidente do Sindicato dos Servidores, Mauro Cirino. Os dois, no plenário, trocaram ofensas como safado, pelego e vendido.

Nascimento entrou para acessar a área de convidados no plenário e ao passar por CImino os dois passaram a trocar ofensas. “Você é safado, pelego, vendido” foram alguns dos termos usados pelo ex-vereador, que foi acusado de ser “safado, sem-vergonha e contra o Daem”. 

O debate provocou intervenções do público e do vereador Mário Coraíni, atrasou o debate durante alguns minutos e por um curto período desviou dos governistas o foco as vaias do público.

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Vieram finalmente os discursos e mais uma vez só a oposição se movimentou. Primeiro com Damasceno, depois com Cícero. E quando ia falar Coraíni a pressão já havia feito barulho demais, depois de aguentar horas de gritos, Herval Seabra suspendeu tudo.

Lideranças empresariais e da comunidade como convidados, ofensas aos berros do lado de fora, torcida e aplausos dentro do plenário, portas trancadas e esmurradas fizeram o pano de fundo para a votação que acabou não acontecendo,

A convocação para a manhã desta quarta-feiura busca dois efeitos: reorganizar a sessão com menos pressão nas galerias em função do horário – e não está descartada hipótese de a Câmara ser fechada para o público – emobilização que pode levar a um dano colateral, com paralisação de algumas áreas do Daem para garantir presença de manifestantes..