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Sem apoio público, trabalho de proteção a animais leva multa em Garça

Renata Kouri com cães em sua casa em Garça – Reprodução
Renata Kouri com cães em sua casa em Garça – Reprodução

O atendimento a animais na cidade de Garça virou corrente regional mais uma vez neste domingo depois que a ativista de proteção Renata Koury publicou uma longa mensagem em que relata as dificuldades do trabalho e uma novidade oferecida pelo serviço público: uma multa de R$ 2.000.

Jornalista, Renata trabalha com acolhimento, tratamento, programas de castração adoção e encaminhamento de animais. Denuncia diferentes formas de problemas provocadas pelo abandono nas ruas da cidade, especialmente os riscos de doença,  e crimes, como violência e maus tratos a animais

E mostra sua surpresa com a autuação e o modelo adotada para multar, avisa-la sobre a multa e cobrar. Tudo muito rápido e impessoal até a hora de anunciar a necessidade do pagamento.

A multa é da Vigilância Sanitária da cidade e pune a forma de acolhimento temporário que a ativista oferece na própria casa. Segundo ela, a vistoria foi feita em “um dia de caos”

“Não me deram acesso ao processo. ( Neste primeiro momento), publicaram uma advertência, contrariando o lógico de me mandar aviso pelo correio, sem entrar no meu quintal e comprovar que a situação havia sido regularizada e mandaram uma multa de dois mil reais, esta sim: recebida na porta de casa.”

Segundo Renata, os serviços públicos negaram extensão de prazo para defesa e ainda informaram a data errada para entrega da contestação da multa

“Em dez anos de resgates e socorro aos animais abandonados, sempre que pedi ajuda para os que estavam sendo vítima de crueldade, maus tratos, morrendo na rua com doenças ou acidentados, fêmeas no cio rodeadas por bandos de machos, paridas pelas ruas, frágeis e famintas, todos em situações lamentáveis, recebi a mesma resposta:- Não podemos fazer nada!”, conta a ativista.

A mensagem alcançou rapidamente pelo menos 30 pessoas envolvidas com ONGs e programas de atendimento a animais em Garça, Marília e Vera Cruz.

O objetivo é formar uma rede de proteção para reagir e tomar medidas administrativas contra a multa e buscar investimentos públicos para melhorar atendimento e cumprir legislação de proteção animal na cidade.

Renata integra movimento que busca formar uns OSCI (Organização de Sociedade Civil com Interesse Público), a versão mais moderna de ONGs  para ter acesso a benefícios fiscais, suporte em profissionais e políticas públicas de atendimento.}

“Só no ano passado, recuperei e recoloquei em lares com o trabalho dos Guardiões mais de 1500 animais entre cães e gatos. Fazemos um trabalho de adoção semanal de filhotes. A população adulta vai mais devagar, mas graças ao trabalho de divulgação em rede social, rádios e jornais.”

Oficializar a instituição, que exige trabalho jurídico, voluntários, aprovação de legislação para reconhecimento de seus fins coletivos, envolve tempo e trabalho.

“Garça é um cenário de horror para os cidadãos que se importam com esta questão. E para quem não se importa também, afinal, é uma questão de saúde pública!”, diz Renata em sua postagem.

O envolvimento de ONGs e profissionais de Marília deve fornecer algum suporte para reação e medidas judiciais. Mas a batalha está só começando. Renata e os protetores precisam agora acelerar o trabalho para formar a Oscip, organizar um abrigo de forma controlada e manter um atendimento. Ou seja, enormes desafios.

“Esta semana que entra faremos contato com o governo do município para pedir mais uma vez providências. Apoio, suporte, clemência. Piedade para com nossos animais, compaixão, eficácia. Ou pelo menos: Um pouco de boa vontade!”