Escola Pública

A imprensa marrom (de burro, quando foge) inventa crimes para os jovens que ocupam – e não invadem – escolas públicas sob o ameaço de serem fechadas. Primeiro, teriam de saber a diferença entre ocupar e invadir. Voltar à escola seria uma boa ideia.

Aprenderiam rapidamente que, invasores são aqueles que querem nos colonizar, como se fôssemos insetos – aqueles de A Metamorfose, de Franz Kafka, mas desconfio que 99% dos brutos da educação paulista não saibam do que se trata. Em segundo lugar, e é o mais importante, crime muito pior comete quem determina o fechamento de escolas.

Se o Secretário de Educação do Estado de São Paulo tem áudio vazado, pregando guerra nas escolas públicas contra alunos e pais de alunos – fato amplamente filmado –, então, são esses gestores e burocratas que cometem dois tipos de crimes: 1) abandono da coisa pública; 2) massacre contra indefesos, mas, leia-se, jovens pobres e suas famílias.

Por que o dito secretário não declara guerra contra o analfabetismo, às péssimas condições de ensino, ao sucateamento das escolas, à total falta de qualidade de vida no ambiente escolar, à precarização do trabalho docente, à violência institucional e física contra educadores?

Se, em Marília-SP, há invasões de escolas públicas ameaçadas pelo governo blindado, e se são chamados de “radicais da UNESP” – também devo me colocar nessa condição –, então (outro então), devem querer criminalizar os “radicais da USP”; pois, já assinaram documento público condenando os gestores da escola falida. Se assim for, serei condenado duas vezes, porque também estudei na Faculdade de Educação da USP.

Como pode estar certo um governo e seus gestores e asseclas que formam milhões de analfabetos totais e/ou funcionais e, ao contrário, errados milhões de alunos, pais, professores, pesquisadores e pensadores da educação de qualidade e crítica?

Essa engenharia, confesso que não entendo. Se não fosse por outra razão, a do próprio fechamento das escolas, que moral pública tem um secretário que declara guerra contra adolescentes e solta os cães de guerra contra eles?

Que moral tem um soldado pobre e negro para cumprir tais ordens e desferir porrada em jovens pobres e negros, e na idade de seus filhos?

Realmente, esse país é o do descalabro. Porque, só aqui, os verdadeiros criminosos são acolhidos pela imprensa marrom.

Se o Ministério Público Estadual ajuíza Ação Civil Pública contra o fechamento descabido das escolas públicas – sem que se pensasse na recuperação do espaço público –, seriam igualmente criminosos os promotores?

Será que todo mundo é criminoso, menos os gestores da massa falida do ensino público paulista e a imprensa marrom (de burro quando foge)?

Quando foi que os reais criminosos foram à escola pela última vez? Qual é o último livro que eles leram? Será que se lembram?

Para falar em escola, em primeiríssimo lugar, tem que estudar. Só brutos e analfabetos falem com soberba (ou “burrice solene”) em fechar escolas.