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AS ÁGUAS NÃO SÃO SÓ DE MARÇO...

Situação crítica nos fundos de vales urbanos – Fonte: www.ebah.com.br
Situação crítica nos fundos de vales urbanos – Fonte: www.ebah.com.br

As consequências dos grandes volumes de chuvas nas cidades são previsíveis, porém pouco evitadas. Nas áreas de fundos de vale ou regiões “mais baixas”, por exemplo, o impacto negativo dessas águas pluviais é notório, com alagamentos intensos, processos de erosão do solo, entre outros danos. Durante muito tempo, há décadas ou séculos atrás, fora comum o entendimento de que os rios inundavam as cidades. No entanto, hoje, é possível concluir que as cidades também inundam os rios.

Pela condição geográfica, os cursos d´água que atravessam as áreas urbanas recebem volumes de águas pluviais com intensidade diretamente proporcional à capacidade de contenção e condução das chuvas, nas regiões “mais altas”. Esta contenção está atrelada à qualidade de permeabilidade do solo urbano, propiciada pela presença de áreas verdes, índices de arborização e, numa escala menor, pelas porções não edificadas no interior dos lotes. 

Deste modo, não havendo a adoção de instrumentos urbanísticos de controle da ocupação do solo nas cidades, como a previsão de áreas permeáveis obrigatórias ou, substancialmente, a adoção em larga escala de espaços públicos não edificáveis como praças e parques, bastante escassos serão os volumes de águas pluviais contidos e, consequentemente, piores serão os impactos nos fundos de vales. Eis o cenário atual em boa parte das cidades brasileiras.

Além disto, a condução das águas pluviais por redes de drenagem é sumariamente necessária, em planos que articulem as macro e microbacias hidrográficas e, principalmente, que norteiem os zoneamentos de uso e ocupação do solo. Nesses casos, regiões ambientalmente frágeis nas cidades terão rigor maior quanto à urbanização e adensamento, somando-se a projetos de captação e destinação corretas desses volumes de águas.

O que se conclui, no que diz respeito à drenagem urbana, é que todos os mecanismos de controle e manejo redundam em algo de consenso entre ambientalistas, urbanistas e outros gestores urbanos: a necessidade de processos de Planejamento que considerem, de modo integrado, o correto funcionamento das redes e sistemas que garantem a qualidade de vida nas cidades.

Profa. Dra. Danila Martins de Alencar Battaus
Pós-doutorado pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP
Doutorado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP
Mestre pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP