Saúde

SUS ignora serviço que derrubou mortes por infarto na região

SUS ignora serviço que derrubou mortes por infarto na região

O Serviço de Hemodinâmica do Complexo Famema, responsável por uma queda de 80% no índice da mortalidade por Infartos Agudos do Miocárdio em Marília, vai completar quatro anos de atividade com um impasse: falta de credenciamento e repasses do SUS para pagamento de procedimentos.

Dados anteriores a 2011 indicam mortalidade de 17,24% na instituição. Após a implantação do serviço, o índice caiu a 3,41%. O coordenador técnico do Serviço de Hemodinâmica do Complexo Assistencial Famema, Igor Ribeiro de Castro Bienert, destaca a contribuição do setor na qualidade de procedimentos realizados na Instituição.

“A realização dos procedimentos em pacientes com infarto agudo do miocárdio é uma das condições médicas de urgência extrema onde um atendimento precoce e de qualidade pode fazer a diferença”, diz o médico. Segundo ele, o serviço oferece modelo de atendimento que em todo o mundo é considerado “tratamento padrão ouro do infarto do miocárdio”.

“Além disso, nós somos uma Instituição de ensino e pesquisa. Formamos médicos. Formamos enfermeiros. O profissional que irá estar futuramente na rede de atendimento deve aprender em sua formação como  funciona in loco os protocolos de atendimento em sua totalidade”, lembra.

Criado em 2012, o setor já realizou pelo menos mil procedimentos cirúrgicos no Hospital das Clínicas, média de 280 procedimentos por ano. Começou com serviços como implante de marca-passo provisório e cateterismo.

Mas logo o atendimento dos quadros agudos passaram a dominar o serviço, com média de 30% das atividades para angioplastias, procedimentos para desobstrução de artérias.

Após pedidos, vistorias e aprovação pelas esferas locais e estaduais do sistema SUS, o Complexo Famema  ainda não recebe pela alta complexidade realizada no setor. A partir de 2014, houve redução de produção com a suspensão progressiva de eletivos por falta de credenciamento do serviço pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O setor registrou queda de 41% na comparação com 2013.

Em 2015, o SUS manteve o setor fora da lista de repasses com redução de quadros eletivos e menos graves e de cateterismos diagnósticos, que permitem identificar de forma precoce potenciais pacientes graves.

A prioridade foi a manutenção dos procedimentos de angioplastia no infarto e valvoplastias de urgência em crianças e jovens. Segundo nota da Famema, mesmo sem o credenciamento, pacientes considerados críticos continuam sendo admitidos no Complexo Assistencial Famema.