Cavalo selado não passa duas vezes na mesma porta. Ou, para quem não conhece o ditado, aí vai: quando a grande chance da sua vida aparecer, aproveite, pois ela não se repetirá. Às vezes, a oportunidade está diante dos nossos olhos, mas se não estivermos atentos, ela se vai e só vamos nos dar conta tarde demais.
Conheço o caso de dois empreendedores que tiveram a sagacidade de enxergar o cavalo diante deles e não hesitaram. Abriram o próprio negócio voltado a um nicho de mercado pouco explorado na ocasião.
A história começou há cerca de dez anos, quando eles ainda eram funcionários de uma empresa fornecedora de café e máquinas automáticas do produto, as chamadas vending machines, que permitem ao próprio consumidor se servir.
Na rotina do trabalho, eles viam pedidos de aluguel das máquinas serem recusados pela empresa porque os interessados (pequenas padarias e lanchonetes) não tinham a demanda mínima de duas mil doses de café por mês. Dessa forma, não compensava instalar o equipamento nesses estabelecimentos por causa dos custos com vendedores, manutenção e transporte.
Foi quando a dupla teve a ideia de montar a própria estrutura para atender esses potenciais clientes. Como já atuavam no segmento e possuíam conhecimento do assunto, não seria nenhum salto no escuro empreender na área. Deixaram seus empregos e puseram o plano em prática. Firmaram acordo com outro distribuidor de máquinas e de café, criaram uma marca e uma identidade visual para o equipamento e passaram a atender os estabelecimentos até então desassistidos.
O exemplo evidencia uma das principais características comportamentais que todo empreendedor deve ter: a busca por oportunidade e iniciativa. Se esse aspecto normalmente já é importantíssimo, nas épocas de crise – como a atual em que a economia brasileira derrete dia após dia – torna-se mais importante ainda. Enxergar bons negócios onde a maioria vê problema é o que pode separar quem fica pelo caminho de quem segue adiante.
Claro que apenas “saber ver” possibilidades não é suficiente. No Sebrae-SP, temos como uma espécie de mantra a orientação de que é preciso planejamento, qualificação e boa gestão ou a probabilidade de sucesso será muito menor.
Já que em terra de cego, quem tem um olho é rei, jamais despreze uma oportunidade, porque depois não adianta chorar o leite derramado.
Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP