Hoje, proponho aos leitores refletirmos alguns minutos a respeito dos problemas ocasionados pelo consumo irracional, especialmente pelo extenso número de devedores que têm procurado os atendimentos do Cejusc.
A sociedade de consumo surgiu a partir das transformações oriundas da Revolução Industrial, caracterizando-se pela massificação da produção e aquisição de bens e serviços. Com o aumento da população nas metrópoles, as indústrias passaram a incrementar sua produção, o que fez pensar num modelo que atendesse o maior número de pessoas.
Desde então, a todo o momento, o consumidor passou a ser estimulado, por informes publicitários, a adquirir produtos e serviços, transmitindo-se ao comprador o alcance do prazer e da ascensão social. Os objetos ofertados ganharam um potencial de sonhos, e a sociedade, visivelmente, encontrou no consumo a solução para suas questões mais profundas de insatisfação e infelicidade, fazendo com que qualquer busca existencial exigisse a atuação do mercado.
Todos esses sentimentos passaram a ser diariamente estimulados, fazendo com que a vida dos consumidores se transformasse em uma busca insaciável, como se cada pessoa estivesse eternamente à procura de algo que possa ser seu novo objetivo ideal. Neste sentido, vale relembrar os dizeres de Zygmund Bauman: “A sociedade de consumo consegue tornar permanente a insatisfação. Uma forma de causar esse efeito é depreciar e desvalorizar os produtos de consumo logo depois de terem sido alcançados ao universo dos desejos […].”
Essa insatisfação constante, vivenciada por muitos, faz surgir nas pessoas o fenômeno do consumismo, que pode ser definido como um modo de vida destinado a crescente propensão ao consumo de produtos, geralmente supérfluos, em razão dos sentimentos que eles fazem aflorar, como prazer, satisfação, felicidade, sucesso…
Desse modo, as pessoas passaram a gastar grande parte de seu tempo e de seus esforços tentando ampliar seus prazeres gerados pelo consumo, o qual também trouxe um conteúdo de exibicionismo e integração social, tendo em vista o esforço do indivíduo para se mostrar ao outro, ser percebido e desejado. Já, na busca de integração, muitos também acabaram alienando-se de suas próprias vontades ao vincularem-se aos modismos insensatos.
A partir daí, começam a surgir os problemas ocasionados pelo consumo desenfreado: falta de racionalidade, superendividamento, discussões familiares, aumento exponencial na geração de lixo, esgotamento dos recursos naturais do planeta…
Por esses motivos, propus aos leitores esses instantes de reflexão, buscando despertá-los para um consumo mais consciente…
Não há dúvidas de que o consumo traz benefícios e impulsiona a economia. No entanto, o inconveniente surge no momento em que esse consumo torna-se indiscriminado e irracional, sem qualquer cautela, o que ocasiona efeitos bastante negativos, motivando, até mesmo, a exclusão social, já que aquele que perde a condição de adimplir terá seu nome incluso no cadastro de proteção ao crédito.
Sendo assim, nessa sociedade de consumo, onde os objetos deixam rapidamente de ser prazerosos, é necessário analisar: estou consumindo por necessidade ou em busca de mera satisfação emocional?
Até porque, a vida é tão curta e os dias passam tão depressa…
Existem prazeres bem mais simples de serem alcançados e que não exigem custo algum…
Pensem nisso!
E, como brilhantemente lembrou Charles Spencer Chaplin:
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.
Por isso, cante, dance, ria e viva intensamente.
Antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”
Juliana Raquel Nunes é Chefe do Cejusc de Marília e mestranda em Direito na Unimar.
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