É carnaval e uma avalanche na reprodução de racismo e machismo vem junto com a folia
Pesquisei muito para tentar entender um pouco sobre como isso se dá no Carnaval e como a maioria das pessoas não percebe isso, pois como no Carnaval “tudo pode”.
Talvez se fantasiar de Nega Maluca, ou de empregada doméstica, de lixeiro, assediar mulheres forçando beijos e até mais coisas são tão naturalizados nessa época do ano que me pego pensando porque isso sempre me incomodou.
Gosto de Carnaval, é uma tradição linda, mas ao decorrer do tempo isso se deformou com a mídia ganhando milhões e milhões com o turismo e fazendo de tudo para atrair os gringos.
A Globeleza é um exemplo clássico disso, a “mulata tipo exportação”, que ganha o imaginário masculino do mundo todo. O problema não é ela estar nua na TV, é na temporada de Carnaval, a mulher negra ganhar destaque na mídia, servindo de objeto vivo para o delírio mundial.
Reforçando mais uma vez o todos os movimentos de inclusão e combater ao preconceito sempre falou: a mulher negra na época da escravidão era vista como um corpo fácil, não tinha escolhas, o seu dono a estuprava sem dó e ela tinha que se sujeitar, caso contrario poderia até morrer.
E com isso, o tempo foi passando e essa mensagem que com mulher negra “tudo pode” foi perpetuando, e na época de Carnaval vemos isso de forma escrachada a todo o momento, e isso me incomoda muito, pois, enquanto mulher negra no Brasil, já ouvi muito que sou “tipo exportação”, mas eu não sou objeto para ser exportado, logo, isso não é um elogio, é mais uma ofensa para me lembrar o quão desrespeitados são as negras/os nesse país.
Por isso aderi à campanha ‘’Queremos o fim da Globeleza” (AQUI)
Este é um dos principais fatos que me leva a discordar um pouco do Carnaval, é por isso que compreendo muitas criticas, não acho que no Carnaval tudo seja liberado. Acho que é uma festa em que todos podem se divertir, cantar, dançar e enfim, é uma festa super alto astral, que carrega na sua história uma resistência dos negros brasileiros, que nos ensina muito.
E o que a mídia fez com o Carnaval, o transformou, não me apetece de nenhuma forma, pelo contrario, só é mais uma ferramenta de opressão, deturpação do que há de mais lindo e puro: a cultura afro-brasileira.
Vamos voltar às nossas raízes e fazer desse Carnaval um ato de consciência, se sua fantasia ou seu jeito de lhe dar com as mulheres incomoda alguém ou reforça estereótipos, não use. Para se aprofundar mais segue dois sites de referências acesse esses dois links sobre a MULHER NEGRA E FANTASIAS e um GUIA PARA NÃO FAZER FEIO.