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Críticas abrem crise entre MP e defensora pública

Defensora Pública Daniela Skromov
Defensora Pública Daniela Skromov

A defensora pública Daniela Skromov de Albuquerque abriu uma crise com o Ministério Público do Estado após entrevista ao jornal espanhol El País em que aponta o órgão como “braço jurídico” da Polícia Militar em casos de abuso e violência contra pobres no Estado.

“O MP em São Paulo tem como clientela indesejada – mas que ele detesta e vê como isolável – essa parcela da população, capturada pela polícia e pobre. E no final ele acaba agindo como o braço jurídico da PM. E o público que lota as prisões é em geral esse mesmo público que é morto pela polícia. E aí, me parece que o MP não consegue ter a isenção valorativa necessária para defender essas pessoas contra quem ele próprio estabelece uma cruzada”, disse Daniela na entrevista.

A divulgação na seção Brasil, com versão em português no site do jornal rendeu duas manifestações de repúdio no Ministério Público. O caso foi encaminhado à Corregedoria do órgão para eventuais medidas judiciais contra a defensora.

A primeira reação foi assinada pela Associação Paulista do MP e depois a Procuradoria Geral de Justiça fez uma nota oficial em repúdio à entrevista.

“Típico de alguém que se pronuncia sobre o que não sabe e fala sobre profissionais que não conhece, a Dra. Daniela cometeu injustiças na sua desarrazoada avaliação sobre o MP brasileiro e paulista que, de há muito, estabelece como prioritária a efetiva defesa dos homens e seus direitos”, diz a nota da Procuradoria..

Para a Associação, a entrevista busca um factoide jornalístico, para sustentar suas “pretensões libertárias” e promove “Inverídica a injusta acusação da Defensora Pública de que Promotores de Justiça fazem ‘corpo mole’”. 

Defensora desde 2007, Daniela é uma figura polêmica, com enfrentamentos inclusive dentro do órgão. Ganhou notoriedade ao combater modelo de operação para esvaziamento da cracolândia, em São Paulo, e por seus ataques aos métodos e atuação da PM.

Daniela também comentou na entrevista, de forma pessoal, a atuação do promotor  Rogério Zaggalo, que em 2013 disse que se a Tropa de Choque matasse manifestantes ele arquivaria o processo. “Ele tem menos freios inibitórios. Se bem que agora ele tem moderado suas declarações, talvez por ter sido punido.”

A íntegra da entrevista com as afirmações da defensora está AQUI. Você também pode acessar as notas da Procuradoria – AQUI – e da Associação – AQUI.