No realismo político tudo é possível. Quanto vale a aposta de que o PT vai desembarcar do governo? Dilma privatiza o Pré-Sal, em comunhão com Serra e Renan: depois, filia-se ao PSDB ou PSB.

Antes, Dilma enfraquece Cunha, Aécio e Alckmin – e procura apoio para se defender do impeachment ou da cassação da chapa: o que, de sobra, levaria junto Temer/PMDB. Se PT e PSDB – por hora – não são um só partido, Dilma pavimentaria a calçada.

FHC já rifou o governador de São Paulo, nas prévias do PSDB para a escolha do sucessor de Geraldo Alckmin, e que se inicia na campanha para prefeito de SP. FHC não quer o governador de SP candidato a presidente em 2018 e, por isso, não apoia sua escolha para 2016. O medo, é claro, é enfrentar Lula e ver Alckmin perder de novo.

Dilma perde o PT no combate ao Impeachment, mas cria-se uma distração para o mercado. Dilma não foi à festa do PT porque acredita que só o mercado salvará seu governo.

A avaliação de Lula não teria sido tão diferente: colado ao governo que sangra, em 2018 seria apenas pó representativo. Lula abriu fogo contra o governo; em troca, ganhou a Polícia Federal – ou vice-versa.

Na avaliação de Lula (e do PT), o impeachment tem que sair o quanto antes. No mandato tampão e após as eleições emergenciais, o PT seria oposição como sempre foi; antes de Lula. A Lava (a) Jato promete mais bombas pra esses dias de exceção.

Independente disso, como parte da crise é sistêmica ao capital, no pós-Dilma, o “novo” governo seria recessivo, talvez um pouco menos do que esse; porém, seria bem menos assistencialista e muito mais privatista.

Ponto para a artimanha política. Segue-se o lema petista de campanha à presidência: “os americanos levaram nosso petróleo ao custo de alguns tucanos”. Entre pedra e vidraça, esta é a sina da política de resultados.

Contudo, mesmo que não cole muito, na oposição, fariam parecer que não foi o PT e Lula que erraram. Apartado do governo de coalisão (PT + PMDB), o partido e seu líder seriam salvos do afogamento ou da sangria que se arrasta com Dilma. Ponto de novo. Porque, como no xadrez, às vezes, é preciso sacrificar a rainha para não levar xeque mate.

Ao final, vamos ver o que se confirma. Certo mesmo é que o rei já perdeu todos os peões e as torres; defende-se apenas com os bispos. Neste andar do governo de colisão, o Ministro da Justiça é a bola (ou o bispo) da vez.

Na soma-zero da política nacional, quando todos sairão perdedores, restará a lição de que “o poder a todo custo” não é uma boa escolha. Ainda que sejam as “regras do jogo” da política de resultados, resultou no governo de colisão.

Aprenderemos com sofrimento, menos os profissionais e mais os amadores, que “os fins não justificam os meios”. Simplesmente porque alguém fará você de meio, escada, para fins bem diferentes do que havia planejado.

Outro problema, esse mais grave porque afeta a todos nós, é que até lá o fim talvez não traga um bom (re)começo.