Após anos pagando uma fortuna em transbordo de lixo para as cidades de Quatá e Piratininga, Marília pode trocar de fornecedor e passar a pagar apenas pelo uso de um aterro sanitário particular.
A empresa Revita, um gigante do setor ligado ao grupo Solvi, apresentou à Secretarias Estadual do Meio Ambiente e à Cetesb (Companhia de Saneamento Básico do Estado) projeto para instalar um aterro sanitário com projeção futura de usina de reciclagem, ecoponto e aproveitamento de biogás na cidade.
A empresa opera um dos aterros usados no transbordo e depósito de lixo da cidade atualmente, em Quatá. Também atua em outras cidades do Estado, como Araçatuba, onde o aterro está desativado, Botucatu e São Carlos, entre outras. A instalação já passou por algumas fases burocráticas e uma audiência pública na cidade, que atraiu pouco mais de 50 pessoas e pouco debate.
Segundo o engenheiro civil Naoto Ayabe, da Cetesb de Marília, a audiência foi o passo final para a busca da licença prévia, que coloca o projeto em análise formal para liberação da instalação. Naoto acompanhou a audiência pública, que envolveu participantes de outras cidades e na maioria dos casos pessoal técnico.
O aterro deve ocupar uma área de 690 mil m² da Fazenda Dallas, junto à fazenda Vacaria, ao lado da rodovia SP-333 entre Marília e Echaporã. Prevê a geração de 54 empregos, processamento de 330 toneladas de lixo por dia e atendimento a 12 cidades da região.
Para os fãs de teorias da conspiração, a proposta de implantação da empresa, apresentada em 2014, acompanha desde então críticas aos gastos e contratos de transbordo e mais recentemente polêmica com despejo descontrolado de entulho, um cenário que transforma o aterro em uma grande solução para o município, que nunjca investiu de forma adequada em aterro e destinação do lixo ou entulho.
ESTRUTURA
O aterro vai ocupar área total de 135,52 hectares, ou 1.350.00 m² com previsão de vida útil de em 41,15 anos para atender Marília, Vera Cruz, Oriente, Pompeia, Garça, Júlio Mesquita, Echaporã, Guaimbê, Oscar Bressane, Quintana, Getulina, Guarantã e Lins.
O custo de implantação em 2014 era de R$ 32 milhões , valor que atualizado deve passar dos R$ 50 milhões, a serem todos bancados pela empresa. O aterro deve atingir 75 metros de profundidade com 15 camadas de depósito, que podem chegar a 500 toneladas dia.
A ITVR vai fazer seu capital depois com cobrança pelo aterro do lixo, além de aproveitamento de eventual reciclagem. O chorume – líquido produzido pelo depósito dos resíduos – deverá ser coletado e levado para estação de tratamento da Sabesp em Paraguaçu Paulista. Não há previsão de risco para poluição de rios, embora a área seja próxima ao rio do Peixe e Córrego do Arrependido, alguns quilômetros depois da área de captação de água usada pela cidade.
“A maior parte dos municípios abrangidos pela regionalização da ITVR Marília dispõe seus resíduos em aterro municipais, alguns deles sem o completo licenciamento ambiental, não possuindo, por exemplo, a Licença de Operação.“
O aterro aproveita ainda a crise do despejo de entulho de construção, que pode ser integrado à destinação final na área privada.
“Grosso modo, pode-se afirmar que a atividade de transbordo a céu aberto e a manutenção de um bota-fora descontrolado de resíduos da construção civil contribuem negativamente para o aumento do passivo ambiental no município.”