Marília

Fiscais multam Daem por más condições de trabalho; MP apura

Fosso de inspeção com acúmulo de água: risco de dengue, sujeira e acidentes
Fosso de inspeção com acúmulo de água: risco de dengue, sujeira e acidentes

Um servidor de calção, sem camisa ou qualquer proteção nos pés, mergulha no rio do Peixe em um ponto com três metros de profundidade. Sem equipamento de mergulho, sem treinamento, sem proteção contra a água poluída, promove limpeza de filtros, trelas metálicas que seguram lixo na área de captação de água para a estação de tratamento.

Este é um dos casos mais graves de situações de risco e descontrole em atividades profissionais que praticadas por servidores do Daem (Departamento de Água e Esgoto de Marília) em situações de riscos mais ou menos graves e que são investigadas em Marília pelo Ministério do Trabalho e agora também pela Promotoria de Justiça. O departamento já recebeu multas por causa das incrações. Deve recorrer contra todas.

O trabalho do “mergulhador” é feito na área de recalque, onde bombas captam a água que será depois tratada e distribuída. É um ponto dois quilômetros abaixo do encontro do Córrego do Barbosa com o rio, onde o rio do Peixe recebe o esgoto de boa parte da cidade, incluindo quatro hospitais.

Este e outros casos, como problemas de mas condições nas estruturas, caixas de eletricidade com problemas de fiação, buracos em área de circulação, equipamentos mal conservados são outras situações denunciadas por servidores.

Diferentes setores do departamento já receberam a visita de fiscais. A direção do Daem já apresentou alguns argumentos, como a resistência dos funcionários em usar os equipamentos de proteção ou em fazer retirada mecânica de filtros, que dá mais trabalho e leva mais tempo.

As más condições de trabalho são um ingrediente a mais no cenário de sucateamento do Departamento e integram a propaganda oficial para conseguir liberar a privatização dos serviços de distribuição de água e coleta de esgoto.

Os problemas no Daem são denunciados pelo menos desde o ano passado, quando o Sindicato dos Servidores distribuiu uma série de fotos de prédios com problemas, salas com infiltrações, mofo, fios expostos e outras situações de risco.

Quando as denúncias foram apresentadas, a Prefeitura de Marília distribuiu nota para informar que encontrou o departamento sucateamento por má administração na gestão anteriores, dos ex-prefeitos Mário Bulgfarelli e Ticiano Tofolli. A nota da época informava ainda que a administração promoveu diversos investimentos em recuperação de estruturas.

A novidade é que o caso recebeu uma queixa formal de um dos trabalhadores, que levou os fiscais e o Ministério Público parta dentro do departamento. Em pelo menos um ano de queixas nada mudou.