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Futebol mais triste - Morre treinador Pupo Gimenez

Futebol mais triste - Morre treinador Pupo Gimenez

Morreu neste sábado em Marília o treinador e esportista Antônio Maria Pupo Gimenez, 84, que comandou grandes equipes do futebol no Estado e em Marília, onde vivia, foi responsável por um incontável número de revelações e preparação de craques em diferentes épocas.

Pupo Gimenez, que atravessava penoso tratamento de câncer foi encontrado morto em sua casa.Deu fim à própria vida. O corpo será velado na sala 4 do Velório Municipal e o sepultamento acontece às 10h30 deste domingo,

Nascido em Presidente Alves, a 98 km de Marília e a 385 da capital, no dia 31 de agosto de 1931, começou na várzea, como treinador da equipe juvenil da Associação Atlética São Bento nos anos 50.

Depois de passagens pela Esportiva Cascata e Corinthians Mariliense, nas quais trabalhava no tempo livre depois do expediente em uma loja de departamentos (Mesbla). Em 1963, o Clube Atlético Ourinhense, que disputava a 2ª divisão do Paulista proporcionou a primeira experiência de Pupo com técnico de futebol profissional.

A descoberta da vocação veio em 1973, quando, depois de trabalhar no União Bandeirante, coordenou a base do Marília e revelou jogadores como Márcio Rossini, Carlos Alberto Borges, Sérgio Nery, Luiz Andrade, Paulo César Borges e Jorginho Putinatti), a quem considera tecnicamente superior a Kaká, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho.

Sob o comando do técnico Walter Zaparolli, essa base conquistou a Taça São Paulo de Juniores de 1979. A partir desse feito, Pupo ficou rotulado como um ótimo profissional para lidar com jovens promessas.


Ronaldo Polaco Rossini, Pupo Gimenez e Jorginho Putinatti

Após oito anos de MAC, nos quais trabalhou como supervisor, auxiliar e até treinador da equipe principal, Pupo foi para o Guarani em 1982, onde permaneceu por sete anos. Pelo clube campineiro, conquistou mais uma Taça SP a seu currículo em 1994.

O São Paulo entrou em sua vida em 1986. Convidado por Juvenal Juvêncio para auxiliar Cilinho na equipe de aspirantes, o treinador se identificou com o Tricolor. Em 1990 chegou a substituir o técnico Carlos Alberto Silva e dirigir a equipe principal em todo segundo turno do Paulista.

No Bragantino, trabalhou em 1991 com o ainda novato Vanderlei Luxemburgo. Também teve uma passagem pelo Corinthians em 1995, no qual foi campeão novamente da Taça SP.

A conquista rendeu um convite no mesmo ano para dirigir a seleção brasileira sub-20 no Pan-Americano de Mar del Plata. A derrota nos pênaltis para Honduras nas quartas de final acabou com o sonho de Pupo e seus comandados, entre os quais se destacava o zagueiro Bordon, ex-São Paulo.


Pupo Gimenez no São Paulo

Como treinador, Pupo Gimenez dirigiu as equipes do União Bandeirante (PR), Ourinhense, Linense, Marília, Guarani, São Paulo, Corinthians, Bragantino, e seleção brasileira Sub-20.

Dentre os atletas que ajudou a revelar estão nomes como Evair, João Paulo, Zetti, Vágner Mancini, Gil Baiano, Martinez, Mauro Silva, Cafu, Antônio Carlos Zago, Doriva e Elivelton.

O ex-goleiro Luiz Andrade, atualmente preparador de goleiros do MAC, lamentou a perda de Pupo Gimenez. “Sem dúvida é uma grande perda para o futebol brasileiro. O seu Pupo Gimenez para mim foi o maior treinador de categorias de base que conheci. Um profissional sério, competente e humano.”

PUPO POR PUPO

Em 2009, Pupo concedeu uma longa entrevista ao jornalista Vadinho Doreto, do jornal Diário, em que falou sobre a carreira, a crise do MAC e os talentos revelados sob seu comando. Veja alguns trechos da entrevista:

Vadinho Doreto – Quais jogadores o senhor revelou e que brilharam na carreira?

Gimenes – Não considero “jogador que revelei”, mas sim atletas que trabalharam comigo e com certeza acrescentei detalhes técnicos que os ajudaram na carreira. Além daqueles do MAC, posso citar o Neto, Evair, João Paulo, Zetti, Wagner Mancini, Gil Baiano, Renato, Martinez, Mauro Silva, Cafu, Antônio Carlos, Doriva, Elivelton e por aí vai.

Vadinho Doreto – Teve algum que dava muito problema?

Giemenes – O Neto era muito genioso, mas sempre foi autêntico. É claro que deixava alguns técnicos de cabeça quente. Mas comigo ele se portava bem. Aliás, orgulho-me de dizer que ele me considera seu segundo pai. Quem não o conhece pessoalmente, não sabe a magnífica figura que é. O Neto tem o coração maior que o peito.

Vadinho Doreto – E o jogador de convivência mais amistosa?

Gimenes – Sem dúvida, o Cafu. Mesmo quando era pobre, nunca tirou o sorriso do rosto, se dando bem com o grupo e departamento técnico.

Vadinho Doreto – Que comparação pode fazer do futebol de antigamente com o de hoje?

Gimenes – Hoje o que prevalece é a marcação, ou seja, a preocupação de não se deixar jogar. O preparo físico está superando a técnica e quando ele superar a inteligência, o futebol terá chegado ao fim.

Vadinho Doreto – Qual a maior satisfação no futebol? E a decepção?

Gimenes – A maior alegria foi ter sido convidado para dirigir a Seleção Brasileira sub-20 no Pan de Mar Del Plata, na Argentina, em 1995. A frustração foi ter dado errado dois convites que tive para trabalhar no Japão. Fui traído por alguns “colegas” brasileiros que já estavam por lá.

Orlando Scaldo, Luiz (Real Mariliense), João Rafael, Newton Moura, Davadão, Atílio Brabo, Felix Mansur, Josué e Pupo Gimenez, organizadores da varzea nas décadas de 60 e 70 – foto: Binato/VC no Giro