O Hospital das Clínicas de Marilia deve ir à Justiça para conseguir direito de resposta além de eventuais ações de indenização e por crime de imprensa contra reportagem do Fantástico sobre descaso com atendimento em radioterapia em que o Hospital foi citado.
A medida foi anunciada em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira. Dois médicos, um físico e duas responsáveis pelo atendimento em radioterapia questionaram diversos pontos da reportagem, disseram que o Fantástico ignorou informações importantes apresentadas pelo Hospital e apresentou informações falsas.
Um dos maiores erros segundo a Famema está no tratamento da paciente entrevistada, uma vendedora que apresenta cicatrizes na pele na altura do peito. A reportagem atribui as lesões à exposição indevida à radiação por cobalto.
Segundo a Famema, a paciente não usou o aparelho e foi submetida a outra forma de tratamento para cura de um problema de pele em outro sistema.
“Foi uma matéria tendenciosa, toda a documentação que a gente mandaram eles leram duas ou três frases, não condiz com a realidade e a paciente não está com problema em questão”, disse o médico Gustavo Viani Arruda, Superintendente da Famema.
Arruda afirmou que a Famema presta os serviços há 30 anos, já ganhou reconhecimento nacional e internacional e o impacto foi “absurdo”. “A gente tem pacientes em tratamento, atende mil pacientes por ano fora os que já foram atendidos.”
O especialista Eduardo Stéfano, também responsável por atendimento em radioterapia, disse que em nenhum momento a Famema foi processada e nem sofreu qualquer medida judicial em função do uso de pastilhas vencidas.
“Não houve uma atuação direta do Ministério Público federal. O que houve é que eu e o dr Gustavo, com dr Bruno, físico nuclear, decidimos assumir responsabilidade de não abandonar pacientes que necessitavam de tratamento.
Segundo o médico, ele foi diretamente ao procurador informar que o serviço seria mantido. Stéfano disse ainda que foi voluntariamente à CPI da Famema, aberta na Câmara, para falar sobre o serviço de radioterapia.
O médico considera que a norma da Anvisa abriu uma crise por ordenar mudança sem critérios técnicos que justificassem. “A Anvisa disse: até hoje 50 pode e deixou pacientes serem tratados durante dois anos com essa pode. Hoje ela fala: não pode mais. Ou o tratamento era eficaz e ela autorizou ou ela autorizou tratar de forma que não era eficaz.”
Stéfano disse ainda que os médicos consideraram o atendimento eficiente e insistiram em manter o procedimento para quem já estava em tratamento. Para ele, a reportagem retoma um caso antigo e resolvido de uma forma que só afetou os pacientes e quem já passou por tratamento.
“O que fizeram atenta contra a dignidade humana dos pacientes”, disse o médico.