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Grife com projeto mundial investe em lojas de Marília

Grife com projeto mundial investe em lojas de Marília

Uma grife nacional com 26 anos de atividade quer fazer história no mundo e entrar em um seleto grupo de marcas centenárias que figuram entre as 50 principais do planeta. O projeto passa por Marília, com reformas de estruturas físicas, novas coleções, variedade e muito estilo. Vem aí o arrojado projeto da Carmen Steffens que vai por a cidade neste roteiro de megainvestimentos.

O projeto foi apresentado uma das dez fábricas da marca, em Franca, sede da grife, pelo empresário Mário Spaniol durante o “Carmen Day”, que levou consumidoras de diversas cidades para conhecer todo o processo de produção. E passar vontade com bolsas, calçados e roupas exclusivas. Marília levou 40 mulheres e a coluna Gira Comigo acompanhou a apresentação.

Mário é um alemão radicado no Brasil desde os seis anos à frente de uma rede que já preocupa o mundo da moda a ponto de enfrentar batalhas jurídicas internacionais com nomes como a francesa Louboutain e a italiana Versace.

A grife nascida em 1990 hoje tem 550 lojas em 18 países. A maior parte delas está com franqueados, outras cem são lojas próprias que recebem investimentos permanentes e estão todas à venda. Duas estão em Marília, na avenida das Esmeraldas e no Marília Shopping.

Mais nova, a loja da Esmeraldas tem todo o estilo da alta costura da grife e foi montada para ocupar espaço no corredor de butiques e grandes marcas da cidade.  Está no mercado para enfrentar as grifes mais tops do mundo.

A loja do shopping vai sentir mais mudanças: reforma de prédio, novo padrão e produtos da marca CS Club, uma nova linha criada pela marca para alcançar outra faixa de público e brigar com nomes como Arezzo, Corello e Santa Lolla.


Mário Spaniol, fundador da grife, apresenta projeto de expansão e investimentos em Marília – Alê Custódio/Giro Marília

“Somos a maior marca da América Latina e Central. Estamos entre as 250 maiores do mundo e queremos ficar entre as 50. Nenhuma grife com menos de 120 anos está entre as 50. Então vamos quebrar um tabu. Em dez anos vamos botar algum destes pra fora da lista. Não tenho dúvidas”, disse Mário no encontro com as mulheres.

Para isso a empresa tem uma fórmula que envolve tecnologia, divisão de tarefas, etapas artesanais de produção e um crescimento controlado que prefere vender menos a espalhar modelos iguais de peças em um mesmo ponto do mercado.

“Vemos grandes marcas produzindo milhares, milhão de peças da mesma linha. Aí a cliente compra uma grife e descobre 27 iguais no mesmo bairro. Não queremos isso. É uma coisa que fazemos pela cliente, um perfil de exclusividade. Produzimos 600 peças de algumas bolsas, 800 de outras, até 900, para distribuição em 550 lojas, 18 países. Muito difícil encontrar com alguém com o mesmo produto.“

Mário é a força gestora e comercial da rede. Depois de períodos com prejuízos – em cinco anos perdeu U$ 5 milhões (algo próximo de R$ 18 milhões) acreditando no sonho da grife. Em muitas reformulações, transferiu para a esposa, Monalisa Spaniol, o controle de design e estilo de peças. Não poderia ter dado mais certo.

Monalisa hoje comanda processo com dez estilistas e busca permanente de variações em calçados bolsas e mais recentemente roupas. Todos com o mesmo foco: peças para todos os estilos de mulheres.


Monalisa Spaniol, responsável pela modernização do estilo de calçados, bolsas e roupas

“A gente trabalha com grupos de produtos de estilos de mulheres. Uma só gosta de sandália, outra scarpin, outra Anabela. O mesmo com bolsas, de mão, bolsa de ombro, apaixonadas por mochilas. Em toda a coleção a gente trabalha com produtos para todas elas”, conta Monalisa.

O processo funciona bem por outros detalhes: integração entre criação e produção e um processo que usa máquinas de ponta, que permitem trabalhar com essa variedade.

“Hoje se a Monalisa desenha um sapato eu tenho condição de entregar pronto pra ela em 45 minutos. Ninguém no país faz isso. Pouquíssimos fazem fora da Itália”, conta o empresário.

O sistema informatizado de formas e cortes permite que a empresa mude em segundos o perfil do sapato que está em produção. Assim, poucas peças de cada linha podem sair e a variedade à disposição das lojas é maior, com benefício da exclusividade.


Linha de produção da Carmens steffens: fábrice une tecnologia de ponta a trabalho artesanal – Alê Custódio/Giro Marília

Chegar até aqui não envolveu só dinheiro. Até a 60ª loja o casal trabalhava muito aos finais de semana, em produção ou em abertura, escolha de pontos, contatos com franqueados.

Desde o início o projeto exigiu flexibilidade. Quando começou, em 1990, Mário Steffens era um bem sucedido produtor de couro, exportado para grandes marcas como Gucci, Hugo Boss e Timberland.

“Mas a marca do couro nunca aparece em produto nenhum”, lembra. Ele decidiu ter marca própria. Foi à Itália conhecer fábricas. Com medo de que o objetivo fosse estimular imitações ou falsificações, poucas empresas abriram a porta a um novato brasileiro.

“Então comecei a entrar como engenheiro alemão que poderia desenvolver projetos de gestão. Conheci tudo. Depois fiz três meses de curso na Alemanha sobre mercado de alta moda. Aí comecei a Carmen Steffens.” A marca leva o nome da mãe, já falecida.

Aprendeu também a prevenção contra pirataria, um foco que mobiliza equipes de controle até no exterior. “Recentemente tivemos uma operação com a polícia na Bolívia que deixou oito presos. Em Belém também. Toda semana mando uma pessoa vasculhara 25 de Março, Brasília, Belo Horizonte. Se não aparecer falsificação nestes lugares não tem em lugar nenhum.”


Couro é preparado para corte; negócio começou com exportação da matéria prima para grandes marcas – Alê Custódio/Giro Marília

Ele próprio acabou em disputas judiciais contra grandes marcas em discussão de patentes: a Louboutain, famosa por produzir os sapatos da personagem Carrie Fisher da série Sex and The City, tentou proibir uso das solas vermelhas, um padrão da marca. Rendeu dois processos, nos Estados Unidos e França. Um já foi.

“Procuramos consumidoras de diferentes anos para nos devolver sapatos, trocar por peças novas, para mostrar que fazemos solados de todas as cores, é uma grife de peças coloridas. A resposta do juiz  nos Estados Unidos foi: se vermelho tivesse um dono só, seria a Ferrari, e derrubou a patente.”

A nova briga também tem grandes nomes. A Versace notificou a marca para que deixe de usar preto e dourado.

“Preto e dourado são deles? Nossos advogados responderam até com ironia. Estamos brigando na Itália, mas lá não estamos sozinhos, estamos juntos com Ives Saint Lauren e Valentino.”

Mário vai realizar o sonho de ficar entre as 50? O tempo dirá. Uma coisa é certa: os gigantes da moda já sabem quem ele é e para quê a Carmen Steffens veio. Essa briga vai passar por Marília.