Esperei até agora, já passa das 20 horas e o placar no Senado é amplamente favorável ao afastamento da Presidente e já não há mais nada que se fazer (11/05/16). Hoje, mais uma vez na história desse país estamos presenciando o afastamento de um Presidente. Porém, esse processo não começou hoje, ele vem desde o último ano do primeiro mandato dela (2014), mais precisamente após sua reeleição. Ali, a oposição já dava sinais que iria tentar de tudo para o impeachment após as tais pedaladas fiscais que eles juram que foram realizadas para ela poder se reeleger. Antes mesmo da posse, o PSDB já pedia ao TSE a cassação do registro chapa Dilma/Temer. Ou seja, todos nós sabíamos que seria muito difícil um segundo governo.
Depois, as coisas foram se complicando. Ela tomava posse e prometia acabar com a corrupção. Na sequência, Eduardo Cunha era eleito presidente da Câmara e prometia independência. Graça Foster e outros diretores da Petrobras renunciam a cargos e a companhia era alvo da maior operação policial da história do Brasil: a Lava Jato. A operação continuava, o povo saia às ruas e, para piorar, o tesoureiro do PT e o José Dirceu seriam presos. O juiz Sergio Moro mandava brasa e dava sinais que não iria parar.
A crise econômica dispara e o Brasil passa a enfrentar uma recessão nunca vista antes, nem durante a crise mundial de 1929. A presidente tenta a volta da CPMF e é vaiada no plenário da Câmara. O povo protesta e sai às ruas em outra manifestação, agora a maior da história, nunca vista antes, nem durante a campanha das Diretas Já. Para piorar, o Senador Delcídio do Amaral é preso e, na sequência, o PT decide apoiar a continuidade do processo contra o Eduardo Cunha que não deixa barato e no mesmo dia, aceita o pedido de impeachment contra a Dilma. Aí não tinha mais jeito.
O que ainda tem jeito é o PT. O partido agora terá que esperar, mudar seus quadros, se modernizar, aceitar que o mundo e o país estão mudando e não há mais espaço para antiga esquerda. O gelo contra o partido será grande e a sua reconstrução ainda maior. Então, é pensar mais no país e menos no partido e nas esquerdas, mesmos que elas sejam necessárias para o bom andamento de toda democracia.