Ser empreendedor. Será?

O Brasil é um grande celeiro de empreendedores. Segundo o Sebrae, considerado o maior órgão de apoio ao empreendedorismo no Brasil, mais de 90% dos negócios são hoje dos pequenos empreendedores. Um número significativo, que ressalta dois dos perfis do brasileiro: a vontade em ser dono de seu próprio negócio e a criatividade.

O sonho de tornar-se independente, de ser dono do próprio negócio, é muito forte entre os brasileiros. As péssimas condições de remuneração, a falta de incentivos e benefícios e a crise econômica atual, que demite centenas de milhares de pessoas todos os dias em todo Brasil, faz crescer o instinto empreendedor, denominado pelos estudiosos como “o empreendedor por necessidade”.

Além disso, o brasileiro é criativo por essência, mesmo quando o cenário é de incertezas. Ele tem uma rápida tomada de decisão sobre as intempéries que o cerca. Entretanto, o que falta para o nosso empreendedor é a qualificação, que é o divisor de águas entre um negócio bem ou mal sucedido.

Uma das falhas mais comuns é achar que sabe do negócio, o famoso “achismo”. Essa “certeza” pode condenar, logo de cara, um negócio que tem potencial. De janeiro a junho de 2015, 82,3% das 232 mil empresas criadas no mesmo período encerraram suas atividades. Impressionante. Porém previsível. Para ser um empreendedor, é preciso conhecer muito bem o negócio que vai gerir.

Conhecer seus concorrentes e sua forma de atuação; seus pontos fortes e fracos, analisar se há demanda para o negócio e quem são as pessoas que vão consumi-los. Verificar os concorrentes X. Conhecer o mercado com profundidade e principalmente analisar o macroambiente, para a partir daí, definir como, quando e em que local abrir sua empresa.

Simples assim. Mas essas informações não podem vir do “achismo” e sim, de pesquisas, de dados de mercado, de estudos sobre tendências, para que a análise fique rica em informações e a partir daí, possa ser feita a tomada de decisão. Um caminho, muitas vezes moroso, porém essencial para que o investimento tenha maiores possibilidades de sucesso.

E aí encontramos um problema: a ansiedade, característica típica do brasileiro, que atrapalha todo esse processo pelo desespero em abrir rapidamente seu negócio, o que resulta em investimentos desnecessários, inconsistentes e, portanto, inadequados. O resultado: negócios fracassados, dívidas acumuladas e o pior de tudo, uma experiência amarga e dolorosa, que muitas vezes compromete relações familiares, fraternas e sociais.

Ser um empreendedor requer estudo, discussão e principalmente muita conversa, até que se esgote todas as indagações e incertezas, chegando ao momento exato de se tornar um empreendedor de sucesso. Hoje, existem várias instituições que publicam artigos, oferecem cursos online e dão todo suporte para quem quer iniciar uma carreira empreendedora, como o Sebrae, Senac e Senai. Empreender requer dedicação, persistência, paixão e muito comprometimento, e isso, nós brasileiros temos de sobra.

Debora Loosli Massarollo Otoboni
Publicitária e jornalista, mestre em comunicação, docente e coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda da Unimar.