Educação

Nossa cidade é nosso meio ambiente

Nossa cidade é nosso meio ambiente

A atuação do arquiteto enquanto intervenção no espaço da cidade tem no planejamento urbano sua expressão mais abrangente. A investigação urbanística pesquisa em outras áreas do estudo científico maneiras de atuação em um sistema tão complexo quanto a grande cidade capitalista, que tem como grande limitador os recursos energéticos usados para a construção e manutenção do nosso modo de vida, e o consequente resultado na forma do espaço construído.

A preocupação com a avaliação e impacto da ação do homem no ambiente físico e biológico  usa a ecologia e a sustentabilidade enquanto disciplinas que tentam compreender a estrutura, a função e o comportamento dos sistemas ecológicos. O diagnóstico ambiental urbano tem a preocupação de apresentar uma descrição, a mais fiel possível, do funcionamento dos sistemas ecológicos regionais e suas reservas e capacidades de recursos, passíveis de intervenção e modificação por uma ação humana. O desenvolvimento sustentável é aquele que mais se aproximaria do equilíbrio entre as “necessidades”, as possibilidades de suprimento pelo ambiente via tecnologia e as limitações de recursos energéticos disponíveis no sistema ecológico a ser “explorado”.

É preocupação vigente o esgotamento dos recursos naturais de todo o planeta. Os problemas ecológicos tratados em escala global, com as implicações econômicas, culturais, são tratados de forma conjunta entre os países como a Agenda 21, e Protocolo de Kyoto, Rio + 20; e a Conferência do clima da ONU, realizada em 2015. O impasse nos dias atuais continua sendo a questão econômica: os países ricos não abrem mão da máxima exploração das fontes não renováveis de energia, em especial os combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão, para garantir seu desenvolvimento econômico, sem se preocupar com os possíveis prejuízos ambientais que os dejetos poluentes (que estão sendo) lançados possam causar. Os países pobres, por outro lado, dizem ser necessária esta exploração para garantir desenvolvimento. E a questão gira em torno da economia como fórmula para assegurar as melhores condições de vida possíveis.

Nas questões locais, e também em escala global de intervenção no ambiente, é preciso dar ao processo de urbanização um enfoque integral e abrangente, considerando a história e a previsão de longo prazo, com uma visão prognóstica onde os assentamentos humanos enquanto núcleos de concentração de população, atividades e meio ambiente construído, sejam resultantes de um constante fluxo de transformação e usos de materiais e energia renováveis.

A sustentabilidade, no vários âmbitos em que ela pode ser considerada, pressupõe a interação do homem com seu meio ambiente de maneira que o desenvolvimento ocorra sem exceder a capacidade do sistema natural. Podemos considerar que a sustentabilidade urbana está baseada na interação entre a cultura, ou seja, os sub-sistemas social e político, e o espaço físico.

O desenvolvimento ecologicamente sustentável baseia-se numa valoração em que a economia não está centrada apenas na exploração de recursos. A fonte de riqueza é o trabalho, o capital, a energia; mas existe também o fator limitante à continuidade produtiva, seja esta limitação qual for; e geralmente está relacionado às limitações físicas do ambiente, cuja exploração não leva em conta o excesso de consumo e os dejetos do processo que são revertidos em poluição.

Uma vez que não está centrado na produção, na produção de capital como forma de propiciar boas condições de vida, mas nas pessoas, o desenvolvimento sustentável respeita a cultura, a diferença existente em cada comunidade e seu respectivo lugar, procurando compor uma estratégia que resolva a situação particular específica para cada problema que se apresenta. Este desenvolvimento deve procurar manter o equilíbrio tanto físico quanto social, numa visão em longo prazo, em que a equidade possa sempre ser ajustada. Nosso meio ambiente sustentado é a nossa cidade, formada para proporcionar condições de vida digna às pessoas, num espaço que abrange as várias possibilidades de preservação.

Sônia Cristina Bocardi de Moraes Arquiteta e Urbanista pela PUC Campinas, Mestre pela UNESP, Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIMAR- [email protected]