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Pizza? Tucano vai presidir CPI da Máfia Merenda em São Paulo

Estudantes durante ocupação na Assembleia Legislativa – Agência Brasil
Estudantes durante ocupação na Assembleia Legislativa – Agência Brasil

A primeira reunião, na qual foi instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Merenda Escolar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), definiu hoje (22) o deputado Marcos Zerbini (PSDB) como presidente e Adilson Rossi (PSB) como vice-presidente do colegiado. Ainda falta definir a relatoria, decisão que, segundo Zerbini, deve sair na próxima reunião, marcada para terça-feira (28).

Segundo Zerbini, a ideia é que o relator não seja do PSDB, seu partido, ao qual também é filiado o governador do estado, Geraldo Alckmin. “O PSDB já tem a presidência, e a relatoria será de outro partido.”

Dos nove deputados que vão integrar a CPI, apenas Alencar Santana, do PT, não faz parte da base do governo Alckmin. Além de Santana, integram a CPI os deputados Barros Munhoz (PSDB), Estevam Galvão (DEM), Jorge Caruso (PMDB), Gilmaci Santos (PRB), Coronel Camilo (PSD) e Delegado Olim (PP).

Com duração de 120 dias, a CPI vai apurar e investigar o fornecimento de merenda escolar em todas as escolas estaduais nos contratos firmados por empresas e por cooperativas de agricultura familiar com o governo de São Paulo e municípios paulistas. Além disso, a CPI vai apurar a ação de agentes públicos e políticos no esquema, que já é alvo de investigação pelo Ministério Público, na Operação Alba Branca.

Primeira reunião

A reunião desta tarde, realizada no pequeno plenário José Bonifácio, foi tumultuada e estava lotada por estudantes, jornalistas, professores e curiosos. Zerbini tentou marcar uma reunião fechada para a próxima terça-feira, às 10h, mas foi vaiado pelos estudantes, que queriam um encontro aberto. Por causa da pressão dos estudantes, o deputado mudou de ideia e decidiu marcar a reunião forma aberta e, em seguida, encerrou os trabalhos, sem qualquer deliberação.

“Seria muito produtivo fazer uma reunião só com os deputados, seus assessores e a imprensa, mas não temos nada a esconder. Então, não há qualquer problema, a reunião será aberta”, disse Zerbini. Ele ressaltou, porém, que o problema em reuniões abertas é que o pessoal começa a gritar palavras de ordem e o trabalho não caminha. “É uma investigação pública, mas, como toda investigação, ela precisa ter um rito”, disse Zerbini, em entrevista a jornalistas. “Queríamos fazer de forma mais reservada para organizar o trâmite de toda a CPI e depois fazer a CPI toda aberta.”

O deputado Marcos Zerbini afirmou que a CPI vai apurar o que tem que ser apurado. “Não acredito que ela acabará em pizza.” “Teremos que ouvir primeiramente o delegado, o promotor público que abriu o processo, as pessoas que fizeram as acusações”, informou o presidente da CPI. Segundo Zerbini, o presidente da Alesp,  Fernando Capez (PSDB), investigado na Operação Alba Branca, que apura irregularidades na compra de merenda no estado e que deu origem a esta CPI , também deverá ser ouvido.

Para Alencar Santana, único parlamentar da oposição na CPI, a base do governo está tentando “criar uma cortina de fumaça” para tirar o foco do governo do estado, que é responsável pelos contratos. Na opinião de Santana, a CPI da Merenda deveria se concentrar em investigar o governo de São Paulo, e não as prefeituras de todo o estado, o que deveria ser competência de cada câmara de vereadores.