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Padre excomungado na região reúne fiéis em "nova religião"

Padre Beto durante celebração da Humanidade Livre, em Bauru
Padre Beto durante celebração da Humanidade Livre, em Bauru

Roberto Francisco Daniel, o Padre Beto, excomungado pela Diocese de Bauru em 2013 – com decisão confirmada pelo Vaticano em 2014 –  está na mídia convidando fiéis  para conhecer a Humanidade Livre, nova doutrina religiosa criada por ele na região, e que reúne em torno de cem pessoas a cada celebração.

Padre Beto foi excomungado por opiniões expressas em redes sociais com críticas ao que chama de postura conservadora da Igreja Católica, além de defender homossexuais e o amor entre pessoas do mesmo sexo.

Formado em radialismo, direito, história e teologia, Beto é doutor em ética e professor e em nota distribuída nesta terça-feira diz que a homofobia justificada pela religião ”é uma forma de violência muito presente perto de nós”.

“Muitos cristãos não compreendem que nem tudo que está na Bíblia pode ser considerado Palavra de Deus, ou seja, Palavra de vida”, diz Padre Beto na nota.

Segundo o texto, a Humanidade Livre é uma nova religião por não se encaixar em nenhum dos dogmas existentes. Promove missas aos domingos, de manhã e à noite, e encontros para debates, filosofia e até música ao vivo.

As quintas-feiras os encontros contam com apresentações de chorinho e samba, com direito a cerveja e espetinhos. Às quartas, o papo é sobre filosofia e se alonga no espaço Gourmet.

Aos sábados Beto promove estudos bíblicos em conversas com fiéis e seguidores em que fala das interpretações do livro sagrado.

“A intenção por trás desses eventos regulares é proporcionar um espaço de cultural e debates aberto ao público. Além disso, é também uma forma de ajudar a igreja a se manter financeiramente, já que o objetivo do criador é não precisar cobrar dízimo dos fiéis”, diz o padre na nota.

Após a polêmica com a Diocese, Beto afastou-se das atividades na Igreja e acabou excomungado em novembro de 2013. A decisão foi confirmada um ano depois.

“O referido padre feriu a Igreja com suas declarações consideradas graves contra os dogmas da Fé Católica, contra a moral e pela deliberada recusa de obediência ao seu pastor (obediência esta que prometera no dia de sua ordenação sacerdotal), incorrendo, portanto, no gravíssimo delito de heresia e cisma”, diz texto da Diocese na divulgação da medida.