O que a revisão do Plano Diretor de Garça e a implantação do Plano Diretor de Turismo de Pederneiras tem em comum? A coordenação em Marília pelo escritório do arquiteto e urbanista Laerte Rojo Rosseto, 71, ex-secretário de Planejamento Urbano na cidade e do projeto do Plano Diretor de Marília.
O escritório de arquitetura disputou – e venceu – licitações para desenvolver os dois projetos nas cidades a 30km (Garça) e 144km (Pederneiras). Laerte Rosseto coordenou equipes que desenvolveram propostas para retomada de crescimento, controle de mobilidade urbana, criação de pontos turísticos, aproveitamento de potencial de visitas e até integração regional.
“Em Garça o desafio é que a cidade estava engessada. As propostas da revisão do Plano Diretor vão permitir legislação que direcione a expansão urbana com diretrizes para empresas, para o cidadão, arborização”, disse o arquiteto.
Em Pederneiras o desafio foi maior. Criar todo o planejamento de transformação da cidade em um MIT (Município de Interesse Turístico), um título que Marília também busca. Pederneiras abriga um terminal intermodal e atrai visitantes de negócios de todo o interior.
O projeto do Plano Diretor de Turismo ofereceu alternativas e propostas de crescimento que vão de medidas grandiosas a pequenas iniciativas.
Exemplos? Desde projeção de áreas de interesse turístico, definição de espaço a abrir centro de eventos e convenções e áreas de lazer com “prainha” junto ao Rio Tietê até revitalização de um mercado municipal que pode virar centro de compras e gastronomia ou aproveitamento de prédios já existentes para implantação de museu com acervo da cidade.
Um obstáculo de Pederneiras pode dar espaço a um grande projeto. A ferrovia na cidade recebe transporte de carga com poucos horários e uso. Os trilhos abrem caminho até o porto e área que pode ser um centro de lazer e eventos.
“O Estado tem 14 linhas de transporte ferroviário com perfil turístico. Por que não criar o 15º, que pode ser um ramal de Bauru a Brotas? E pode começar por Pederneiras. O projeto oferece alternativas e iniciativas para isso”, diz o arquiteto.
Laerte coleciona propostas revolucionárias que em Marília não viraram lei e ficaram na gaveta. Afastado da vida política, também acabou afastado das discussões e projetos da cidade, que já perdeu revisão do Plano Diretor e começa a engatinhar na criação do Plano de Turismo.
“Marília tem três questões que podem ser obstáculos ou podem ser oportunidades: as rodovias, a ferrovia e os itambés, os vales dos córregos em torno da cidade que está no platô”, explica o arquiteto, que também já atuou como professor e pesquisador na Unimar.
Formado pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, Laerte estreou em planejamento urbano ainda como estudante, em São Caetano. Mudou para Caraguatatuba antes de retornar a Marília com a família. Ele aponta um dilema comum em planejamento para todas as cidades: vontade política e participação dos moradores.
“Quando fizemos o Plano Diretor organizamos 18 audiências para sugestões e debates. Então muito do plano está em necessidades e expectativas da sociedade, do que a cidade quer para seu crescimento”, explica.