Marília

PF investiga políticos, rádios e liga Marília à Lava Jato; veja detalhes

Delegados Luciano Menin e Rogério Hisbek, da Polícia Federal, durante coletiva
Delegados Luciano Menin e Rogério Hisbek, da Polícia Federal, durante coletiva

Uma pessoa presa, 15 mandados de busca e apreensão que atingem órgãos públicos e casas de político, dois suspeitos foragidos. Foi este o resultado da Operação Miragem, que a Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira em Marília, Ribeirão Preto e São Paulo.

A operação liga Marília à Lava Jato, envolve o principal grupo político da cidade e acusações que sempre acompanharam meios de comunicação: uso de laranjas que direcionam linha editorial e noticiário.

A investigação mostrou que um dos suspeitos – quem tem mandado de prisão e está foragido – foi identificado em investigações da Lava Jato em contatos com empresa investigada por remessa ilegal de dinheiro ao exterior.


Segundo os delegados Luciano Menin, que responde pelo inquérito e atua nas investigações da Lava Jato, e Rogério Santana Hisbek, que comanda a PF em Marília, a investigação começou em Brasília com a investigação da compra e venda do grupo CMN (Central Marília Notícias) – rádios Dirceu AM, Diário FM e o jornal Diário – e agora envolve apuração de cinco crimes federais, incluindo movimentação de dinheiro para o exterior com auxílio de uma empresa investigada na operação Lava Jato.

Os mandados envolvem buscas realizadas na Prefeitura de Marília, na casa do deputado estadual Abelardo Camarinha em um conjunto de chácaras na cidade, no apartamento do prefeito Vinícius Camarinha e no escritório político que os dois já usaram, na rua Bahia, onde oficialmente funciona a sede do PSB, que o deputado Camarinha preside na cidade. Em Ribeirão Preto e São Paulo envolve pessoas que estariam vinculadas à propriedade das rádios e empresas suspeitas de envolvimento nas fraudes.

A operação envolveu em torno de cem policiais e contou com apoio da Anatel, que suspendeu a transmissão das duas rádios do grupo por tempo indeterminado e do Coaf, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda.

A Polícia Federal não divulgou nome do suspeito preso nem dos investigados, mas admitiu que alguns dos fatos se tornaram notórios pela movimentação dos policiais na cidade, especialmente as buscas na CMN e na Prefeitura.

O caso está sob sigilo de Justiça e tramita no Tribunal Regional Federal, em São Paulo, em função de envolve políticos com foro privilegiado. A polícia apreendeu documentos, contratos e dinheiro – em valor não divulgado – que podem ser devolvidos caso seja confirmada origem legal.

“O assunto principal de investigação é justamente a propriedade deste grupo de comunicação da cidade. O inquérito visava justamente apurar inicialmente isso. Partimos para outra questão de investigação porquê: fatos que foram chamar a atenção, como mencionei essa questão de empresa que se relaciona com a Lava Jato houve aprofundamento das investigações”, disse o delegado Menin.

INVESTIGAÇÃO

Na época em que a CMN mudou de dono, Abelardo Camarinha era deputado federal e tinha foro privilegiado diferenciado para as apurações. Com o fim de seu mandato e posse como deputado estadual o caso passou ao Tribunal Regional.

A denúncia na época envolvia fraudes fiscais e uso de laranjas para venda e transferência de posse da CMN, ocorrida no final de 2012. A apuração dessas acusações levou à descoberta de diversas suspeitas de crime.

Em 2013 e 2014 venceram as autorizações de funcionamento das rádios e segundo a Polícia Federal não houve renovação em função da mudança de proprietários sem autorização judicial. Começou o primeiro crime: desenvolvimento clandestino de atividade de telecomunicação, que nesta quarta justificou a suspensão das rádios.

Mas as informações sobre movimentação de dinheiro, uso de laranjas e empresas levou à apuração de associação criminosa, falsidade ideológica, uso de documento falso, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro na movimentação de recursos.
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