O procurador da República Roberson Henrique Pozzobon, 31, integrante da força tarefa responsável pela Operação Lava Jato, disse agora há pouco na Unimar que a investigação deixa legado em estrutura, mecanismos de investigação e suporte que provoca ramificação em outros casos, em vários pontos do país.
Pozzobon esteve em Marília na noite desta sexta-feira para a palestra de encerramento da Semana Jurídica na Unimar. Falou sobre delação premiada, defendeu esta colaboração como forma de avançar as investigações e falou sobre os obstáculos na apuração dos chamados crimes do colarinho branco. Antes participou de uma entrevista coletiva e encontro com professores da universidade.
Segundo o procurador, nos últimos meses operações em cinco regiões diferentes, por ordens de cinco juízes diferentes, foram deflagradas com empréstimo de provas da Lava Jato. É o caso da Operação Miragem, em Marília que investiga cinco crimes, como evasão e lavagem de dinheiro, e aproveita gravações da operação nacional.
“Para além de produzir provas para ações de suas investigações, a Lava Jato também compartilha informações com autoridades de outros Estados. Isso é algo que serve ao interesse publico em larga medida, potencializa as investigações e permite que elas cheguem ao esclarecimento da verdade de forma mais rápida”, disse Pozzobon.
O procurador não falou sobre investigações em andamento como o inquérito que indicia o ex-presidente Lula por crimes na compra de um apartamento no Guarujá e comparou a Lava Jato à operação Mãos Limpas da Itália para falar sobre os riscos de pressão e medidas para barrar a apuração.
Segundo ele, a Itália teve investidas em todos os campos contra as pessoas que investigavam, contra o sistema investigativo e um retrocesso legislativo. No Brasil há movimentos a favor e contra.
“Temos projetos para que melhore e eu chamo atenção para o projeto Dez Medidas contra a Corrupção, que tem 2 milhões de assinaturas e pode em muito contribuir para tornar nosso sistema melhor. Por outro lado temos também que o projetos cujo resultado seria tornar sistema mais frágil, que tornam a colaboração premiada mais frágil, e tantos outros.”
Procurador da República em Marília, o pró-reitor de Pós Graduação na Unimar, Jefferson Aparecido Dias, disse que a palestra é importante para que os alunos, convidados e a comunidade percebem que o trabalho e seus efeitos são palpáveis.
“As pessoas veem na televisão falar da Lava Jato, de acordo de delação, como se fossem coisas de outro mundo. Não, a gente traz um procurador jovem, atuando nisso, domina a matéria, faz tudo ficar mais claro”, disse o pró-reitor.
Jefferson Dias destacou ainda a importância em incentivar os alunos a estudarem. “Eles entendem que estar na Procuradoria é um local possível, quem estudar, for dedicado, vai prestar concurso, vai ser aprovado e em alguns anos pode estar em alguma operação importante.”