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Senado cassa mandato mas mantém direitos políticos de Dilma

Senado cassa mandato mas mantém direitos políticos de Dilma

O Senado aprovou nesta quarta-feira por 61 votos a favor e 20 votos contra o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), que fica definitivamente afastada do cargo. Em discussão separada, decidiu manter seus direitos políticos. A cassação dos direitos políticos dependia de maioria absoluta dos votos, 54 senadores, mas conseguiu apenas 42 votos a favor da cassação, com 36 contra a medida.

Dilma deixa a presidência 609 dias depois de iniciar seu segundo mandato, no segundo processo de impeachment aprovado no país em 25 anos.

Michel Temer, eleito vice-presidente na chapa com Dilma em 2014 e que ocupava a presidência como interino, fica definitivamente empossado como presidente, Em sua ausência, assume o presidente da Câmara, hoje o deputado governista Rodrigo Maia (DEM)

O processo começou em dezembro com um pedido de abertura do processo protocolado na Câmara dos Deputados pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.

A sessão desta quarta foi aberta com a leitura de um relatório sobre o caso e a previsão de manifestação de quatro senadores, mas acabou atrasada por uma discussão para que o julgamento fosse fatiado com votação em separado do impeachment e da perda dos direitos políticos.

A discussão envolveu vários parlamentares e questões jurídicas e provocou até uma manifestação do senador Fernando Collor (PTC/AL), que sofreu o impeachment em 1992, e perdeu seus direitos políticos, mesmo depois de ele renunciar o cargo antes da votação.

Collor defendeu a votação única, com perda dos direitos políticos, assim como aconteceu com ele. Ele e os outros governistas não conseguiram evitar a divisão. Mas a manutenção dos direitos políticos conseguiu apoio de senadores que participaram na articulação do impeachment. Com os direitos políticos, Dilma pode disputar cargos públicos, em concursos ou eleições.

O julgamento foi feito em sessão única, com suspensões para refeições e descanso, e envolveu 70 horas de atividades no plenário.

DILMA E TEMER

Dilma Rousseff e Michel Temer antes do rompimento político

A presidente cassada tem 68 anos, nasceu em 14 de dezembro de 1947 em Belo Horizonte. Após o Golpe Militar de 1964 foi ativista na luta armada de esquerda: e membro do Comando de Libertação Nacional (COLINA) e posteriormente da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).

Passou quase três anos em reclusão, de 1970 a 1972, primeiramente pelos militares da Operação Bandeirante (OBAN), no qual sofreu torturas, posteriormente pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social) 

Reconstruiu sua vida no Rio Grande do Sul, onde foi secretária da Fazenda na da prefeitura de Porto Alegre. Foi ainda presidente da Fundação de Economia e Estatística e  Secretária Estadual de Minas e Energia.

Em 2001 filiou-se ao PT e em 2002 participou da equipe que formulou o plano de governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi escolhida para ocupar o Ministério de Minas e Energia, depois presidiu a Petrobrás e assumiu a chefia da Casa Civil, até se indicada candidata à presidente.

Foi eleita em 2010 com  55 752 529 de votos ao bater o tucano José Serra. Em 2014  venceu o também tucano Aécio Neves e foi reeleita com 54 501 118 votos.

TEMER

O presidente Michel temer é paulista de Tietê, onde nasceu em 23 de setembro 1940, advogado, professor universitário e político com mandatos como deputado federal e secretário estadual na área de Segurança.

Filho de imigrantes libaneses que chegaram ao Brasil na década de 1920, Michel Miguel Elias Temer Lulia  graduou-se em direito pelaUniversidade de São Paulo (USP), com doutorado pela PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Seguiu carreira jurídica como advogado, professor e escritor e estreou na vida política em 1986, quando deixou a Secretaria da Segurança de SP para disputar vaga de deputado federal, onde cumpriu repetidas reeleições.

Foi presidente da Câmara dos Deputados por dois mandatos e em fevereiro de 2010 foi eleito presidente do PMDB, partido com o qual o PT de Dilma Roussef articulou a campanha para presidência.

Foi indicado candidato a vice e acompanhou Dilma no primeiro e segundo mandatos. No início da crise política do segundo mandato, chegou a assumir a coordenação política do governo, cargo que deixou em agosto de 2015 e em dezembro rompeu definitivamente com a presidente enquanto o PMDB assumia a articulação do processo de impeachment,