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Professor 'celebra' cegueira de estudante em protesto e causa reações

Professor 'celebra' cegueira de estudante em protesto e causa reações

Uma postagem feita por um professor da Unesp de Rio Claro com o que seria a “comemoração” da perda da visão de uma estudante ferida durante repressão a um protesto provocou onda de mensagens e repercussão de docentes nas redes sociais.

O professor Jairo José da Silva tratou o caso como uma “notícia potencialmente boa” ao dizer que a garota ficou ferida. A mensagem  e provocou reações até da Associação de Docentes da Universidade.

Deborah Fabri participava de manifestações no centro de São Paulo quando houve a repressão. Ela diz ter sido atingida por estilhaços de uma bomba de efeito moral atirada por policiais. Pouco depois, no Hospital de Clínicas, foi diagnosticada a perda da visão.

O ferimento foi celebrado em muitos grupos de redes sociais, incluindo pessoas que postam mensagens religiosas, orações e celebram a alegria de família e amigos em volta. 

As postagens renderam diferentes reações, mas a participação de um professor e pesquisador, com pós-doutorado e licenciatura plena provocou reação de muitos intelectuais. “É grotesco e lamentável”, “vergonhoso um professor de uma universidade pública dizer algo assim” foram alguns dos termos.

A Associação dos Docentes da Unesp, Adunesp, divulgou carta em que repudia a “comemoração”. Veja abaixo a postagem do professor e a carta da Adunesp.

A Associação dos Docentes da UNESP (ADUNESP – Seção Sindical – Rio Claro) manifesta veementemente seu repúdio às declarações do Sr. Jairo José da Silva, servidor da UNESP Campus de Rio Claro, sobre a violência sofrida pela estudante da UFABC, na ação de brutalidade da força policial (Polícia Militar) do estado de São Paulo, a quem nos recusamos tratar por professor.

Consideramos que suas declarações aviltam os princípios desta atividade social, quais sejam: formar cidadãos críticos, tolerantes e que compreendam a necessidade de respeitar as diversidades e construir uma sociedade mais justa e com valores de solidariedade e bem comum.

As expressões “de vez em quando tem notícia potencialmente boa. Uma garota ficou ferida no ato pró-Dilma em São Paulo”, “pode ficar cega”, “toupeira” denotam a vileza de seu espírito.

Em primeiro momento nossa compreensão é que este tipo de vilania deveria ser ignorada, a dar notoriedade e luz a quem não às tem por formas virtuosas.

Por sua vez, o desrespeito, a intolerância, a ausência cognitiva acerca da importância da diversidade e das diferenças, de desconhecimento de seu papel social, exigem sua reprovação e repúdio, bem como dissociar tal comportamento do conjunto dos professores desta unidade universitária e associação sindical e, sobretudo, ratificar a importância da liberdade de ação política como princípio que impõe limites necessários ao abjeto, à desonra, ao desumano e à desconstrução de uma sociedade fraterna e socialmente justa.

Prof. Dr. José Gilberto de Souza
Presidente da ADUNESP. Seção Sindical Rio Claro”