A esta altura do campeonato criar o plano com a justificativa de “cumprir compromisso” é descabido. Não seria o primeiro a descumprir e agora nem seria feio. Houve piores.
O prefeito tinha um compromisso gravado em vídeo de salvar e modernizar o Daem. Briga na reta final para vender a água e esgoto.
O prefeito tinha um compromisso de entregar o tratamento de esgoto em dois anos. Assinou uma obra para a qual não tinha dinheiro e termina com um elefante branco abandonado.
O prefeito tinha um compromisso de prioridade total à educação. Termina o mandato com inédito atraso de salário e greve de merendeiras.
Não deu? Bem, ele teve espaços – e gastos publicitários – para se explicar. Sabe Deus como isso afetou o resultado das urnas, mas a esta altura não seria o primeiro grande compromisso não cumprido.
Plano de carreira agora e dessa forma? Agora é tarde. No mínimo seria um projeto a levar para discussão e apresentação conjunta com equipe do prefeito eleito.
Seria ainda uma chance de Daniel e seu grupo mostrarem compromissos, afinal na oposição atacaram muito os cargos e nomeações.
Vinícius pede respeito a seu mandato. Mas espalha sinais de que não respeita o próximo. A cidade mostra crise financeira e não param as previsões de gastos futuros e inúteis, como um cadastro de reserva que só serve para dizer ao futuro prefeito quem ele poderá contratar.
Arrasta a nomeação de seus representantes para a transição e diz que “está nomeando”. Quanto tempo leva para nomear pessoas que acompanhem e permitam ao futuro gestor conhecer o que vai herdar?
A mensagem é de falta de vontade ou de algo a esconder. E mais. Os gastos, a licitações, o plano de carreira, o concurso, deixam a imagem de um processo de boicote, de amarrar a gestão do prefeito eleito, de torcer pelo marasmo. Faz sentido eleitoral, para quem terá novo enfrentamento em dois anos, mas não faz sentido para a gestão e bem-estar da cidade.
Isso já foi feito quando o promotor aposentado José Salomão Aukar ganhou de Camarinha, o pai, e sofreu com boicotes internos, externos e ataques estapafúrdios.
E ao fim o caso terminou com uma mensagem ainda pior. Para falar de tudo isso Vinícius convocou uma coletiva em que bateu boca e atacou um profissional, a quem acusa de estar no palanque de Daniel Alonso.
Convidaram o jornalista para atacar? Convidaram para falar só o que a prefeitura quer? Convidaram para não falar nada? Pior: é essa forma de tratar jornalistas, ainda que de pensamentos contrários?
A cidade está cheia de jornalistas em veículos, cargos e condutas identificadas com o prefeito e seu grupo. Muita gente séria, competente, esforçada, que não vai merecer esse tratamento. Porque outros mereceriam? A mensagem é de puro desrespeito.
Muito nada com efeitos ruins para os anos que virão. A cidade não merece.